Os eleitores de Istambul voltam às urnas neste domingo para uma segunda edição da eleição para prefeito da cidade, ordenada pelas autoridades depois que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e seus aliados políticos perderam o controle da maior cidade da Turquia pela primeira vez em 25 anos.
Na votação de 31 de março, o candidato da oposição à prefeitura de Istambul, Ekrem Imamoglu, venceu por pequena margem o candidato do partido governista, dando um duro golpe ao poderoso partido de Erdogan. Imamoglu serviu como prefeito por quase três semanas antes que o conselho eleitoral da Turquia ordenasse uma reedição da votação, solicitada pelo governo, sob o argumento de que algumas autoridades que supervisionavam a votação não eram funcionários públicos, conforme exigido por lei.
A decisão levantou dúvidas sobre o processo democrático da Turquia e se o partido de Erdogan, no poder desde 2002, estaria disposto a aceitar uma derrota eleitoral. Erdogan iniciou sua carreira como prefeito de Istambul em 1994.
A cidade de 15 milhões de habitantes atrai milhões de turistas todos os anos e é o centro comercial e cultural da Turquia. Localizada entre a Europa e a Ásia, Istambul representou 31% do PIB da Turquia em 2017, e o governo da cidade e suas estrutura tiveram um orçamento total de US$ 8,8 bilhões no ano passado.
Em uma campanha muito disputada, Imamoglu se concentrou no tema da pobreza na cidade depois que o país entrou em recessão. Também apontou para o que considera ser um nepotismo do governo turco e o uso de contratos públicos para enriquecer os apoiadores do Partido da Justiça e Desenvolvimento. O governo de Erdogan nega as alegações.
O candidato do partido no poder, o ex-primeiro-ministro turco Binali Yildirim, tem lutado para explicar a necessidade de repetir as eleições. Ele prometeu aprofundar as conquistas do governo melhorando a infraestrutura e os serviços de Istambul.
Apesar de Erdogan não estar na disputa de domingo, analistas consideram que a eleição deste domingo em Istambul é um teste político para ele. "Uma segunda derrota seria uma grande humilhação para Erdogan e poderia incitar parte da velha guarda de seu partido a sair com uma nova oferta política", disse Wolf Piccoli, da empresa de análise de risco Teneo Intelligence. "Imamoglu é o primeiro político em quase 20 anos que poderia se tornar um desafiante crível para Erdogan", acrescentou.
Mais de 10 milhões de pessoas estão aptas a votar neste domingo em Istambul. As urnas fecham às 17h, horário local.
Fonte: Associated Press