Jornal Correio Braziliense

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Novas sanções e ameaças

Clima segue tenso em decorrência de derrubada de drone americano no Estreito de Ormuz. Estados Unidos prometem anunciar retaliações "importantes" contra Irã. Teerã alerta que, caso atacado, sua reação terá %u201Cconsequências devastadoras%u201D



Trocas de acusações e ameaças marcaram mais um dia de tensão entre Estados Unidos e Irã desde a derrubada de um drone americano, na quinta-feira, no Estreito de Ormuz. O presidente Donald Trump anunciou, pelo Twitter, que, amanhã, vai impor novas sanções ;importantes; contra Teerã, ressaltando que, ;se os líderes iranianos se comportarem mal, terão um dia muito ruim;. Em contrapartida, líderes da força armada iraniana informaram que qualquer ataque contra o seu território terá ;consequências devastadoras para os interesses da América e de seus aliados na região;.

Apesar de ambos os países repetirem que não têm interesse em uma guerra, a escalada de incidentes no Golfo aumenta o temor de um confronto direto entre eles. As tensões não param de crescer desde a retirada americana, em maio de 2018, do acordo internacional sobre a energia nuclear do Irã, seguida pela reintrodução das sanções contra o Irã.

Donald Trump reafirmou, ontem, que, se o confronto acontecer, causará ;uma aniquilação como nunca vista antes;. Por sua vez, o general de brigada Abolfazl Shekarchi, porta-voz do Estado-maior Conjunto das Forças Armadas iranianas, afirmou que ;se o inimigo (...) cometer o erro;, ;a América, seus interesses e os de seus aliados serão consumidos pelo fogo; que ele terá contribuído para acender.

;Provas irrefutáveis;

Teerã voltou a afirmar que tem ;provas irrefutáveis; de que o drone foi abatido porque entrou no espaço aéreo iraniano e escreveu ao secretário-geral e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para denunciar a ação ;de provocação; ;muito perigosa; dos EUA. Ontem, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, publicou no Twitter um mapa com coordenadas detalhadas que, segundo ele, mostram que o veículo não tripulado estava dentro das águas territoriais da república islâmica. ;Não pode haver dúvidas sobre onde o drone estava quando foi derrubado;, escreveu.

Washington, porém, afirma que o veículo foi atingido no espaço aéreo internacional e pediu que, amanhã, seja realizada uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a questão. Antes do anúncio das futuras sanções, Trump afirmou que, se os iranianos desistirem do programa nuclear, se tornarão ;melhores amigos; dos americanos. ;Não vamos deixar o Irã obter armas nucleares e, quando aceitarem isso, terão um país rico, ficarão muito felizes e eu serei seu melhor amigo. Espero que isso aconteça;, afirmou, nos jardins da Casa Branca.

Preocupação global

Diante do conflito iminente, as companhias aéreas KLM, Qantas, Singapore Airlines, Malaysia Airlines e Lufthansa, acompanhando empresas americanas, optaram por evitar voar sobre o Golfo de Omã e o Estreito de Ormuz, um ponto de passagem estratégico para o fornecimento global de petróleo ; estima-se que 20% do petróleo consumido no mundo seja escoada nessa região.

Ontem, o Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido anunciou que o ministro britânico encarregado do Oriente Médio, Andrew Murrison, visitará o Irã para discutir com as autoridades as tensões crescentes no Golfo. Ele ;vai pedir uma desescalada urgente dessa crise. Também vai expressar a preocupação de Londres diante do ;papel desempenhado por Teerã na região e sua ameaça de parar de respeitar o acordo nuclear;, detalhou o comunicado oficial emitido pelo ministério.


Espião é executado

O Irã executou um homem apontado como espião, no país, da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), segundo a agência de notícias Isna. Jalal Haji Zavar, um fornecedor da organização aeroespacial do Ministério da Defesa, foi condenado por um tribunal militar, e sua sentença foi executada na prisão Rajai Shahr, na cidade de Karaj. De acordo com o periódico iraniano, Zavar foi identificado pelos serviços de inteligência e, durante a investigação, ele ;confessou explicitamente a espionagem a favor da CIA por dinheiro, enquanto documentos e ferramentas de espionagem foram encontrados em sua casa;.