O próximo premiê do Reino Unido será o ex-chanceler Boris Johnson, 55 anos, ou o atual ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, 77. Depois de cinco rodadas de votações dos 313 deputados conservadores, os dois políticos foram os mais bem votados e os únicos a prosseguirem na disputa: enquanto Johnson obteve 160 votos, Hunt conseguiu 77. Michael Gove, ministro do Meio Ambiente, ficou em terceiro lugar e acabou eliminado, com 75 votos. A próxima etapa da definição do sucessor da primeira-ministra demissionária Theresa May envolverá a escolha direta feita por 160 mil membros do Partido Conservador. A expectativa é de que o vencedor seja anunciado na semana de 22 de julho. Para analistas, Johson segue como favorito absoluto. Os dois candidatos começarão a campanha amanhã.
;Eu estou profundamente honrado por ter assegurando mais de 50% dos votos na votação final. Obrigado a todos pelo apoio! Estou ansioso para sair pelo Reino Unido e expor meu plano para entregar o Brexit, unir o nosso país e criar um futuro melhor para todos nós;, escreveu Johnson no Twitter, ao citar o polêmico processo de divórcio da União Europeia (UE). Por sua vez, Hunt se rotulou como o ;oprimido;. ;Mas, na política, ocorrem sur-presas como a de hoje. Não duvido da responsabilidade sobre os meus ombros ; para mostrar ao meu partido como nós entregaremos o Brexit e não uma eleição, mas também uma economia turbinada e um país que caminhe com estatura no mundo;, comentou nas redes sociais.
Andrew Blick, diretor do Centro para Política e Governo Britânicos e do Departamento de História e Política do King;s College London, disse ao Correio que Johnson provavelmente vencerá a disputa por contar com apoio mais decisivo entre os eleitores tories (do Partido Conservador), responsáveis pela decisão final. ;Jeremy Hunt parece ser uma escolha mais segura, por ter mais experiência de governo e por parecer mais moderado ao eleitorado além do Partido Conservador;, explicou. ;Embora volátil e propenso a controvérsias, Johnson é considerado por muitos como o mais comprometido em adotar uma postura firme com a UE. No entanto, ele é uma figura divisiva e há grande chance de sua campanha implodir por causa de um escândalo, ou de se governo entrar em imensas dificuldades políticas.;
Diretor do Centro para Estudos de Segurança e Inteligência da Universidade de Buckingham, Anthony Glees vê a vitória de Johnson como certa e alerta que, com sua eleição, existe grande chance de Escócia e Irlanda do Norte deixarem a União, em 31 de outubro, prazo para o Brexit. ;Isso representaria o fim do Reino Unido;, advertiu. Ele compara Johnson ao presidente dos Estados Unidos. ;É o nosso (Donald) Trump. Mas o dano que ele fará à nossa economia e à nossa cultura política é difícil de mensurar. Sob todos os aspectos, Johnson mudará radicalmente um enfraquecido Reino Unido e, depois, a Inglaterra.;
Palavra de especialista
;Vivemos dias tristes;
;Não é preciso explicar todos os motivos pelos quais Boris Johnson se mostra totalmente inadequado para comandar os 64 milhões de britânicos. Ele é desonesto e mentiu continuamente. Obviamente, Johnson possui ;carisma;, e os tories (conservadores) o veem como o único capaz de derrotar Nigel Farage, líder do Partido do Brexit.
Em relação ao Brexit, creio ser uma ficção que o divórcio da União Europeia tornará o Reino Unido mais forte e mais rico. Pesquisas indicam que 60% dos membros do Partido Conservador afirmam que aceitarão danos econômicos, caso o Brexit se torne real. Estes são dias ruins, tristes e sombrios. Boris Johnson não é a doença em si, apenas um sintoma dela.;
Anthony Glees, diretor do Centro para Estudos de Segurança e Inteligência da Universidade de Buckingham