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Visita de Bachelet pressiona Maduro



A convite do presidente Nicolás Maduro, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, desembarcou ontem em Caracas para uma visita de três dias, durante os quais vai conferir de perto a crise no país petroleiro. Além do chavista, a representante das Nações Unidas também vai se reunir com o líder da oposição Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por pelo menos 50 países. Para analistas políticos, a passagem de Bachelet pela Venezuela pode dar ;dar mais visibilidade à crise; e motivar a União Europeia a ;aumentar a pressão; contra Maduro.

;(Michele Bachelet) já se encontra na #Venezuela e dará declarações a jornalistas nesta sexta-feira, 21 de junho, no aeroporto de Caracas;, tuitou o serviço de notícias da ONU. A agenda completa da ex-presidente do Chile na ex-potência petroleira não foi divulgada. Sabe-se que ela tem previsto um encontro com ;vítimas de abusos e violações dos direitos humanos;. Em razão da visita, organizações não governamentais, com o apoio da oposição, convocaram mobilizações para amanhã, com o objetivo de denunciar a situação no país. ;Vamos às ruas na sexta-feira;, convocou Guaidó.

O fato é que Bachelet estará no meio de uma intensa queda de braço entre os dois inimigos políticos. Nicolás Maduro reivindica que a visitante se aproxime dele. Por sua vez, Guaidó, que se autoproclamou presidente interino há cinco meses, afirma que a presença da diplomata chilena em território venezuelano é um ;reconhecimento da catástrofe; no país.

Colapso

Segundo as Nações Unidas, nos últimos quatro anos, quatro milhões de venezuelanos deixaram o país por causa da crise, marcada pela escassez de itens de primeira necessidade, por uma hiperinflação que o FMI projeta em 10.000.000% para 2019, além do colapso do sistema de saúde e de falhas nos serviços públicos. A produção de petróleo perdeu dois milhões de barris diários na última década.

Relatório da ONU destaca que a situaçãolevou um quarto da população, o equivalente a sete milhões de pessoas, a precisar de ajuda urgente. Estima-se que 22% dos menores de 5 anos sofram de desnutrição crônica e 300 mil pacientes estejam em risco por falta de tratamentos e medicamentos.

No início do ano, em meio às várias manifestações realizadas na Venezuela, Bachelet denunciou ;o uso excessivo da força, os assassinatos, as prisões arbitrárias e torturas; por parte de organismos de segurança. Familiares de presos políticos ; são 693 no total, segundo a ONG Fórum Penal ; pedem que ela interceda pela liberdade deles.

Embora crítica a Caracas, Bachelet é resistente às sanções adotada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para asfixiar Maduro. Para o internacionalista Mariano de Alba, durante a visita, Bachelet ;ratificará seu ceticismo ante as sanções, mas também refletirá situações que vão deixar Maduro em uma posição pior;.