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Erdogan diz que Morsy foi assassinado



O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou ontem que o ex-presidente egípcio Mohamed Morsy ;foi assassinado; pelas autoridades, que não fizeram nada para socorrê-lo, enquanto agonizava no tribunal onde seria julgado. ;No tribunal, (Morsy) ficou se contorcendo no chão por 20 minutos. As autoridades não fizeram nada para ajudar. Foi assassinado. Não morreu de causas naturais; disse Erdogan, em um comício eleitoral em Istambul. Na véspera, ele participou de uma oração e do funeral simbólico de Morsy.

Erdogan afirmou que ;fará todo o possível; para que os responsáveis por estes fatos compareçam aos ;tribunais internacionais;. Por dividir os mesmos círculos islamistas dos quais Morsy era oriundo, Erdogan chamou o ex-líder egípcio de ;mártir;, depois do anúncio de sua morte, na segunda-feira. Ele também acusou os ;tiranos; no poder no Egito de serem os responsáveis.

O atual presidente egípcio, Abdel Fatah Al-Sissi, chegou ao poder após um golpe militar que derrubou Morsy. Depois de passar seis anos trás das grades, o ex-chefe de Estado foi enterrado, anteontem, no Cairo, em uma cerimônia discreta e sob forte esquema de segurança. O advogado Abdelmoneim Abdel Maksud relatou que familiares de Morsy lavaram-lhe o corpo e rezaram os últimos ritos na manhã de terça-feira, no Hospital Leeman Tora, perto da penintenciária. Apenas 10 membros da família e de algumas pessoas próximas a Morsy participaram do sepultamento.

Investigação

Enquanto isso, o governo do Egito acusou a ONU de pretender ;politizar; a morte de Morsy, uma reação ao pedido do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos por uma ;investigação minuciosa e independente; sobre o falecimento do islamita. Por meio de um comunicado, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores egípcio, Ahmed Hafez, criticou o pedido da ONU. ;É uma tentativa deliberada de politizar um caso de morte natural;, assegurou.

;Qualquer morte súbita na prisão deve ser acompanhada por uma investigação rápida, imparcial, minuciosa e transparente, realizada por um órgão independente para revelar a causa da morte;, afirmou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos. ;É preciso verificar se as condições de detenção tiveram impacto na morte.;