É o maior êxodo da região na história recente e já é o maior fator de deslocamento forçado do mundo. Países latino-americanos concederam cerca de 1 milhão de permissões de residência e outras formas de permanência legal aos venezuelanos até 2018, o que lhes permite acesso a alguns serviços básicos.
"Na maioria dos países, no entanto, um número considerável de venezuelanos pode estar em situação irregular, o que os expõe à exploração e ao abuso", afirma o relatório do Acnur.
Um dos países que mais receberam pedidos de asilo foi o Peru. Como resultado da crise na Venezuela, o número de solicitações de refúgio fez o Peru se tornar o segundo maior destinatário de pedidos de asilo em todo o mundo, com 192,5 mil, atrás apenas dos Estados Unidos, com 254,3 mil pedidos, e à frente de Alemanha, com 161,9 mil, e França, com 114,5 mil.
Quase todos os pedidos foram apresentados por venezuelanos (190,5 mil). Em 2017, o Peru havia recebido apenas 37,8 mil solicitações de asilo e 4,4 mil em 2016.
O Brasil foi o sexto país a receber o maior número de asilados, segundo o Acnur: foram 80 mil pedidos em 2018, um aumento de 33,8 mil em relação a 2017. Em 2016, haviam sido 10,3 mil pedidos. Como no Peru, o aumento de pedidos ao Brasil se deve à crise na Venezuela: foram 61,6 mil pedidos feitos por venezuelanos.
"O Brasil entrou pela primeira vez na lista dos principais países com novas solicitações de refúgio", afirma o porta-voz do Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho. "Isso faz parte da relação direta entre o país de origem do refugiado e onde ele se encontra atualmente. Os países próximos às zonas de conflito são aqueles que mais possuem refugiados."
Em dezembro, o Acnur havia alertado o Brasil de que o número de imigrantes venezuelanos no País deveria dobrar em 2019 e chegar a quase 200 mil. A entidade alertou para fome, falta de abrigos, de educação e violência que enfrentam os venezuelanos em Roraima e disse que o governo brasileiro precisará de ajuda internacional para lidar com a questão.
"O relatório mostra cada vez mais a necessidade de haver um novo pacto", defende Godinho. "É um aumento no consenso da comunidade internacional de que é necessária a responsabilidade compartilhada e apoio mais efetivo da comunidade internacional, do setor privado e da sociedade como um todo."