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Hong Kong suspende projeto de lei polêmico


Fundador do Demosisto ; partido político pró-independência de Hong Kong ;, Nathan Law não se comoveu com a decisão do governo de suspender o projeto de lei sobre extradições para a China. Ele garantiu ao Correio que as manifestações agendadas para hoje estão mantidas. ;É claro que nós temos de marchar! Nós precisamos que ela (Carrie Lam, chefe do Executivo) recue, investigue a violência por parte da polícia e renuncie ao cargo!”, afirmou. Nathan credita a mudança de postura à pressão da população. Exatamente uma semana atrás, 1 milhão de pessoas tomaram as ruas da ex-colônia britânica. ;Mas a decisão do governo ainda não é o bastante;, avisou. Os manifestantes exigem que as autoridades desistam do projeto de lei, e não se contentam somente com a suspensão dos debates sobre a medida.

Durante entrevista coletiva no quartel-general do governo, Carrie Lam expressou ;profunda tristeza e lamento; pelas deficiências do próprio trabalho e citou ;controvérsias substanciais;. ;O governo decidiu suspender o procedimento de emenda legislativa, reativar nossa comunicação com todos os setores da sociedade, trabalhar mais (;) e ouvir as diferentes visões da sociedade;, declarou.

A chefe do Executivo de Hong Kong entende que a lei sobre extradições é necessária para resolver vácuos legais e evitar que a ex-colônia se torne um refúgio para criminosos, mas admitiu que o governo subestimou a reação da opinião pública. A China respaldou o anúncio de Carrie. ;Nós apoiamos, respeitamos e compreendemos essa decisão;, afirmou Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, por meio de um comunicado.

O assistente social Gil Lee, 30 anos, que se voluntariou como ativista no centro de imprensa do movimento contrário ao projeto de lei sobre extradições, acusou Carrie de apoiar a truculência da polícia. Na última quarta-feira, confrontos entre agentes e manifestantes deixaram 72 feridos. ;A lei sobre extradições é péssima, pois representaria a ruína da ideia de ;um país, dois sistemas;. Isso tem sido comprovado com a imensa quantidade de ativistas presos na China, incluindo Liu Xiaobo. Além disso, ninguém em Hong Kong acredita no sistema legal chinês;, disse à reportagem. Ontem, um manifestante que acabava de colocar um cartaz no alto de um prédio morreu depois de perder o equilíbrio e cair, segundo a Autoridade de Saúde de Hong Kong. Um ativista, no entanto, disse ao Correio que o homem teria cometido suicídio.