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Audiência que decidirá extradição de Assange aos EUA será em 2020

Juíza ordenou "uma audiência de cinco dias em fevereiro, provavelmente a partir do dia 24"

[FOTO1]A Justiça britânica vai decidir sobre o pedido dos Estados Unidos para extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para julgá-lo por espionagem, durante uma audiência marcada para o final de fevereiro de 2020 - decidiu uma juíza de Londres.

Durante uma sessão processual, a juíza Emma Arbuthnot ordenou "uma audiência de cinco dias em fevereiro, provavelmente a partir de 24 de fevereiro", anunciou um porta-voz do Judiciário.

Uma audiência deve acontecer no fim de outubro para decidir qual tribunal estudará o pedido americano.

Assange não esteve presente na sala, mas seguiu o procedimento por videoconferência da prisão de Belmarsh, no sudeste de Londres, onde cumpre uma condenação de 50 semanas.

A sentença foi imposta pela violação de sua liberdade condicional, quando, em 2012, refugiou-se na embaixada do Equador em Londres.

"175 anos da minha vida estão em jogo", disse ele, segundo a agência de notícias britânica PA, afirmando que "o WikiLeaks é apenas uma publicação".

Cerca de 20 pessoas protestaram na frente do tribunal, exibindo uma faixa "Libertem Julian Assange" e um cartaz "Não são acusações, mas perseguição".

Os Estados Unidos apresentaram 18 acusações contra o australiano, de 47, que viveu quase sete anos refugiado na legação diplomática equatoriana. Lá, foi detido em 11 de abril pelas autoridades britânicas depois que Quito retirou o asilo concedido pelo ex-presidente Rafael Correa.

Das 17 acusações dos Estados Unidos contra Assange, 16 estão no âmbito da Lei de Espionagem e se referem à obtenção e difusão de informação sigilosa por parte do WikiLeaks.

Em 2010, a plataforma vazou cerca de 250 mil telegramas diplomáticos confidenciais e meio milhão de documentos secretos.

Uma acusação em separado diz respeito a suspeitas de atividades de ciberpirataria.

Os EUA também o acusam de "complô", junto com a agora ex-analista militar Chelsea Manning, que está na origem desse vazamento sem precedentes.

Assange é acusado de ter "ajudado" e "estimulado" a então soldado Manning "a obter informações confidenciais, sabendo que elas poderiam ser usadas em detrimento dos Estados Unidos e para vantagem de uma nação estrangeira", declarou o Departamento americano de Justiça no final de maio, ao anunciar as 17 acusações.

Se for condenado por todas elas, pode ser sentenciado a até 175 anos de prisão.

Os advogados de Assange poderão recorrer da decisão que a Justiça britânica tomar em fevereiro. Eles já anunciaram sua determinação de lutar até o fim para evitar que seja entregue aos Estados Unidos.

A leitura "dessa ata de acusação é muito reveladora da natureza de toda essa história", afirmou na terça-feira a editora-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, ressaltando que a legislação contraespionagem invocada pela Justiça americana é um "quadro jurídico arcaico", que "nunca foi usado contra uma publicação e um jornalista antes".

"É um momento decisivo para a preservação do jornalismo. Para a liberdade de imprensa", frisou.