"Tenho acompanhado com crescente preocupação os recentes acontecimentos nas negociações entre a UE e o Mercosul, e o que parece ser a crescente aproximação de um acordo desequilibrado", escreveu o ministro irlandês da Agricultura, Michael Creed, em mensagem datada em 7 de junho.
Michael Creed adverte o comissário europeu da Agricultura, o também irlandês Phil Hogan, das "consequências potencialmente muito negativas para a agricultura da UE e, em particular, para o setor da carne de bovina" e pede que não sejam feitas "outras concessões" neste setor.
O ministro irlandês pediu à UE para "garantir a coerência política (...) com sua responsabilidade em matéria de mudanças climáticas, cuidando para que não se permita um aumento da importação de carne de bovina procedente de parceiros comerciais que produzam de maneira menos sustentável".
Procurada pela AFP, a Comissão não quis comentar o caso.
A preocupação irlandesa se une à dos produtores de carne bovina franceses, que demonstraram alarde no fim de maio após declarações uma comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmstr;m, que afirmou que a UE e o Mercosul "se aproximam" de um acordo.
Dias depois, a Comissão Europeia se viu obrigada a baixar as expectativas quando o presidente Jair Bolsonaro e seu colega argentino Mauricio Macri falaram do acordo "iminente" após uma reunião bilateral em Buenos Aires no dia 6 de junho.
Chegar a um acordo é "difícil, mas estamos trabalhando duro nesse sentido", afirmou na terça-feira o titular da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em um encontro organizado pelo Politico Europe.
A UE e os países do Mercosul - Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai - iniciaram em 1999 suas negociações para um acordo de livre comércio que foram suspensas entre 2004 e 2010.