O sangue nos rostos e nas roupas. Enquanto uma olha com incredulidade para a câmera, a outra chora e observa as mãos feridas. Tudo aconteceu na noite de quarta-feira, em Londres. A comissária de bordo uruguaia Melania Geymonat (na foto, à direita), 28 anos, e a namorada, identificada como a norte-americana Chris, foram espancadas por um grupo de homens ao não atenderem às ordens para que se beijassem. Melania relatou a agressão em seu perfil no Facebook. Até o fechamento desta edição, a publicação contabilizava 19 mil curtidas, 7 mil comentários e 12 mil compartilhamentos. Ante a imensa repercussão, Melania afirmou no Twitter que gostaria de respeito à privacidade. ;Contra a violência chauvinista, misógina e homofóbica; foi o título escolhido para a publicação no Facebook.
O casal de namoradas se dirigia a Camden Town e escolheu assentos dianteiros no ônibus noturno. ;Nós devemos ter nos beijado ou algo, pois esses caras vieram atrás de nós. Eram pelo menos quatro. Eles começaram a se comportar como hooligans (torcedores britânicos violentos), exigindo que nos beijássemos para que pudessem assistir, nos chamando de ;lésbicas; e descrevendo posições sexuais;, escreveu Melania. Na tentativa de acalmar a situação, a uruguaia começou a fazer piadas, acreditando que os homens as deixariam em paz. ;Chris até fingiu estar doente, mas eles continuaram nos assediando, jogando moedas em nós e ficando mais entusiasmados com isso. A próxima coisa da qual sei é que Chris estava no meio do ônibus lutando com eles. Em um impulso, fui até lá e encontrei o rosto dela sangrando, enquanto três deles a espancavam;, contou.
Depois de levar um soco, Melania se desequilibrou e tombou para trás, mas não lembra se chegou a perder a consciência. ;De repente, o ônibus parou, a polícia estava lá e eu me vi toda sangrando. Nossas coisas também tinham sido roubadas;, lembra. Com suspeita de fratura no nariz, a comissária de bordo afirmou que não foi capaz de retornar ao trabalho. ;O que mais me incomoda é que a violência se tornou algo comum, tanto que às vezes é necessário ver uma mulher sangrando depois de ser esmurrada para sentirmos algum tipo de impacto;, desabafou Melania, que se disse cansada de ser tratada como objeto sexual e de descobrir que amigos gays têm relatado com frequência esse tipo de agressão. A Polícia Metropolitana de Londres anunciou, ontem, a prisão de quatro suspeitos, com idades entre 15 e 18 anos.