Por não ser uma técnica invasiva, o exame proposto por cientistas da NorthWestern University, nos Estados Unidos, pode vencer pacientes mais resistentes. Nilson de Castro, orientador do Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica do Hospital Universitário de Brasília (HUB), conta que uma das principais dificuldades no enfrentamento ao câncer de pulmão é convencer a população de risco, principalmente os tabagistas, a iniciar o rastreamento da doença a partir dos 50 anos de idade. Segundo o oncologista, o exame preventivo deve ser rotina na vida das pessoas. ;A detecção do câncer de pulmão em uma fase mais inicial aumenta a possibilidade de cura;, explica.
De acordo com Ezequiel Núbio, coordenador do curso de radiologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), alguns cânceres de pulmão podem ser diagnosticados pelo rastreamento, mas a maioria é detectada porque está provocando sinais e sintomas, condição que sinaliza um agravamento da doença. ;Esse estudo pode ser aprimorado para que, no futuro, seja suspensa a necessidade das biópsias para o diagnóstico definitivo do câncer;, cogita.
Médico preceptor do Programa de Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Wagner Diniz de Paula destaca que o sistema de inteligência artificial criado pelos americanos pode gerar falsas expectativas. ;Embora o algoritmo tenha apresentando um desempenho igual ou, em algumas situações, até superior ao desempenho médio dos seis radiologistas que participaram do estudo, ainda ocorreram erros, e seria um equívoco basear uma conduta médica exclusivamente na resposta fornecida pelo software;, evidencia. Para o especialista, ainda é cedo para dizer se a pesquisa trará benefícios concretos. Ele acredita que, possivelmente, os principais benefícios sejam redução de erros e maior rapidez na análise de informações médicas. (CM) *
Estagiária sob supervisão de Carmen Souza
Impacto na sobrevida
Segundo o Inca, a taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial, para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos sobe para 56%.