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Trump dá conselhos sobre o Brexit




Donald Trump começa hoje a visita de Estado ao Reino Unido sob o impacto de mais uma entrevista prévia à imprensa britânica, na qual não se furtou a comentar assuntos internos do país aliado ; em particular, a delicada questão do rompimento com a União Europeia (UE). Com o tema no centro do debate sobre a sucessão da primeira-ministra Theresa May, o presidente americano disse ao jornal Sunday Times que ;não pagaria; os US$ 50 bilhões acertados por May como a cota devida para saldar os compromissos orçamentários do bloco nos próximos anos. E sugeriu que o governo britânico deveria reservar espaço, nas negociações com a UE, a Nigel Farage, articulador da vitória da separação no referendo de 2016 e fundador do Partido do Brexit, que estreou nas urnas vencendo a eleição dos deputados britânicos no próximo Parlamento Europeu.

;Eu gosto muito de Nigel e acho que ele tem muito a oferecer;, disse Trump na entrevista, que causou forte repercussão na mídia britânica, à espera do desembarque do visitante. Em mais uma de suas habituais incursões por assuntos domésticos de outros países, e sem considerar o delicado momento vivido por um governo aliado, Trump voltou a se pronunciar em apoio ao ex-chanceler Boris Johnson, a quem trata como ;um bom amigo;, para assumir o lugar da premiê demissionária, a quem não poupou críticas.

Em especial, o presidente americano questionou o acerto pelo qual o Reino Unido aceitou uma ;taxa de saída; de US$ 50 bilhões, correspondente aos compromissos orçamentários do país com a UE nos próximos anos. ;Se fosse eu, não pagaria 50 bilhões;, afirmou à edição dominical do respeitado Times. O visitante permitiu-se ainda um palpite sobre a conclusão de um Brexit sem acordo, cenário temido não apenas por parcela considerável do establishment político, mas por praticamente toda a elite empresarial britânica. ;Se você não consegue o que deseja, se não consegue um acordo justo, você vai embora.;

Trump reafirmou a proposta de negociar uma relação comercial preferencial entre EUA e Reino Unido, após o Brexit ; um dos argumentos que ajudaram a vitória da proposta no referendo de 2016. Como parte da preparação para a visita de Estado, o embaixador do país em Londres, Woody Johnson, reiterou ontem a oferta e garantiu que Washington prepara o caminho para que o acordo seja fechado ;tão rapidamente quanto todos os demais que mantemos; com outros países. O diplomata garantiu que, apesar dos receios levantados pelos opositores do Brexit, com os EUA ;todas as coisas comercializadas entre nós estarão sobre a mesa;.