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Acusado de decapitar turistas no Marrocos admite ter matado uma delas

Ele e outros vinte três homens são julgados por 'apologia ao terrorismo', 'atentar contra a vida de pessoas com premeditação' e 'formação de organização terrorista'


Salé, Marrocos - O suposto chefe de uma célula jihadista reconheceu nesta quinta-feira (30/5) ter decapitado uma das duas turistas escandinavas assassinadas em meados de dezembro no Marrocos em nome do grupo Estado Islâmico (EI), na retomada do julgamento em Salé, perto de Rabat.

"Decapitei uma (...), lamento", disse Abdesamad Ejud, vendedor ambulante de 25 anos que está sendo julgado junto com outros 23 suspeitos pelo crime cometido na noite de 15 para 16 de dezembro na região de Alto Atlas (sul).

"Uaziyad matou outra", afirmou Ejud sobre outro acusado, Yunes Uaziyad, que também decapitou a jovem. "Amávamos o EI e rezávamos para Deus por ele", acrescentou.

As vítimas foram Louisa Vesterager Jespersen, estudante dinamarquesa de 24 anos, e sua amiga Maren Ueland, norueguesa de 28 anos.

Vinte e quatro homens são julgados por "apologia ao terrorismo", "atentar contra a vida de pessoas com premeditação" e "formação de organização terrorista". Aqueles que participaram ativamente do assassinato poderão ser condenados à morte. Embora a pena de morte ainda seja prevista no Marrocos, desde 1993 não há execuções no país.

As duas mulheres, que foram ao país fazer montanhismo no Alto Atlas (sul), foram brutalmente assassinadas em uma área isolada onde acampavam à noite.

Nesta quinta-feira, os 24 acusados chegaram ao tribunal de apelação de Salé sob um forte esquema de segurança para a audiência, a terceira desde a abertura do processo, no começo de maio.

O tribunal aceitou o pedido da parte civil de iniciar a "responsabilidade moral" do Estado a fim de obter reparações. Por isso, um agente judicial do Estado é esperado para essa nova audiência.

Três dos acusados são julgados por seu envolvimento direto no crime: Abdesamad Ejud (25 anos), Yunes Uaziyad (27 anos) e Rachid Afati (33 anos), todos nativos da região de Marraqueche (sul). O primeiro, um vendedor ambulante considerado chefe do grupo, já havia sido preso por ter se juntado ao EI na Síria.

O trio filmou a decapitação de uma das vítimas e divulgou as imagens nas redes sociais.

Outro vídeo publicado mostra seu juramento de lealdade ao EI, ao lado de um quarto detido, Abderrahim Jayali, de 33 anos, que os acompanhou em Alto Atlas, mas os abandonou antes do assassinato.

Outros acusados são processados por seus laços com os supostos assassinos, entre eles o único estrangeiro do grupo, o hispano-suíço de 25 anos Kevin Zoller Guervos, instalado no Marrocos após a conversão ao islã.