Na queda de braço com Avigdor Lieberman, ex-ministro da Defesa, Benjamin Netanyahu levou a pior e, ontem, impulsionado pelo próprio premiê, o Legislativo israelense aprovou a convocação de novas eleições para 17 de setembro. O primeiro-ministro, embora tenha saído vitorioso das urnas em 9 de abril, não obteve maioria absoluta no Parlamento e dependia de uma coalizão para governar, mas não conseguiu formá-la.
A aprovação de um novo pleito, em prazo tão curto, não tem precedente na história do país e lança o futuro político do primeiro-ministro em um cenário de incertezas. Há 13 anos no poder, 10 deles consecutivos, Netanyahu se preparava para exercer o quinto mandato, encaminhando-se para ser o mais longevo líder do país.
Alvo de investigações por corrupção, o premiê teve em Lieberman o maior obstáculo para formar o governo. Potencial parceiro, o ex-ministro da Defesa impediu o acordo ao se negar a renunciar a uma de suas demandas principais, o que bastou para que os cinco assentos de seu partido ultranacionalista, o Yisrael Beitenu, arruinassem os esforços do premiê.
O ponto de discórdia foi o antagonismo entre o laico Yisrael Beitenu e os ultraortodoxos, também parceiros do Likud, de Netanyahu, sobre a isenção do serviço militar concedida a milhares de estudantes de escolas talmúdicas. Num país onde todos são obrigados a prestar serviço militar, a situação é vista por muitos como uma injustiça. Para participar do governo, Lieberman exigiu o fim da isenção.
Em meio ao impasse, o Likud designou Lieberman como inimigo político. ;Pensava que tinha visto tudo na política, mas fiquei surpreso com a intensidade das pressões, com a paranoia e com as especulações às quais fui exposto;, reagiu o líder do Yisrael Beitenu.
Integrantes do partido de Netanyahu e analistas políticos sugerem que, por trás da postura adotada pelo ex-ministro, esteja a intenção de ocupar o lugar do premiê e liderar a direita israelense. Lieberman, ligado aos colonos do território palestino da Cisjordânia, comandou o gabinete do primeiro-ministro entre 1996 e 1997 e foi seu ministro da Defesa no ano passado.
Como resultado do fracasso na formação de governo, o próprio Netanyahu pressionou para que fossem celebradas novas eleições a fim de evitar que o presidente israelense, Reuven Rivlin, selecionasse outro membro do parlamento para seu lugar. Seguindo essa estratégia, o premiê votou a favor da celebração do novo pleito.
Acordo com
promotores
Acusada de fraude e quebra de confiança, Sara Netanyahu, mulher do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chegou ontem a um acordo com a promotoria. Pesa contra ela a suspeita de uso de fundos estatais para pagar, de forma fraudulenta, centenas de refeições servidas na residência oficial, sob o falso argumento de que não havia cozinheiros disponíveis para o trabalho. As aquisições aconteceram entre 2010 e 2013. Segundo a imprensa israelense, ela concordou em reembolsar o Estado em 45 mil shekels (cerca de US$ 12,5 mil) e pagar mais 10 mil shekels US$ 2.750) em multas. A expectativa é de que a Justiça aprove o acordo. Anteriormente, Sara enfrentou acusações de maus-tratos de funcionários.