A primeira rodada de conversações entre delegados do governo venezuelano e da oposição, na Noruega, terminou ontem sem maiores progressos, mas o líder antichavista Juan Guaidó se mostrou aberto a continuar aceitando a mediação do governo de Oslo na busca de uma solução pacífica para o impasse político. ;O encontro terminou sem acordo, mas estamos prontos a prosseguir;, afirmou Guaidó, proclamado em janeiro presidente interino pela Assembleia Nacional, de maioria opositora, e é reconhecido como tal por mais de 50 países.
;Agradecemos ao governo norueguês sua vontade em contribuir com uma solução para o caos que o nosso país sofre. Estamos dispostos a continuar junto deles;, diz o comunicado de Guaidó. Representantes dele e do presidente Nicolás Maduro mantiveram nesta semana uma primeira rodada de encontros frente a frente, sob os auspícios da Noruega, anunciado no começo de maio.
O presidente interino reafirmou, em sua nota, os objetivos fixados pela oposição: ;cessar da usurpação (por parte de Maduro), formar um governo de transição e convocar eleições livres, como via para solucionar a tragédia que hoje sofre a nossa Venezuela;. Na avaliação de Guaidó, a mediação de Oslo ;será útil desde que existam elementos que permitam avançar em prol de uma verdadeira solução;. Ele garantiu, porém, que as negociações ;não detêm os esforços da oposição, em todos os âmbitos constitucionais;. para forçar a saída do governo chavista.
Nos últimos quatro meses, desde que foi proclamado presidente interino, Guaidó liderou várias manifestações de rua, como parte do esforço para levar Maduro à renúncia. Ganhou apoio imediato dos Estados Unidos e do Grupo de Lima, articulação diplomática entre 12 governos latino-americanos, mais o Canadá, que exerce pressão externa sobre o governo de Caracas. No fim de fevereiro, a oposição tentou, sem sucesso, promover a entrada de ajuda humanitária enviada do exterior ; principalmente dos EUA ; pelas fronteiras com o Brasil e a Colômbia.
Na iniciativa mais ousada, o presidente interino convocou em 30 de abril uma rebelião militar contra Maduro, mas não conseguiu apoio nos quartéis. Oficiais que aderiram ao movimento pediram asilo em embaixadas, assim como alguns dos líderes políticos, como Leopoldo López, que cumpria prisão domiciliar em Caracas.