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Sob pressão, Netanyahu tenta formar governo


No poder há 13 anos, sendo 10 deles ininterruptos, Benjamin Netanyahu está numa corrida contra o relógio para evitar novas eleições em Israel e se manter no cargo. Caso não consiga formar um gabinete de coalizão até a noite de hoje, o futuro do primeiro-ministro estará incerto, a despeito do triunfo no pleito de 9 abril. O partido governista Likud venceu e parecia que Netanyahu se encaminhava tranquilo para o quinto mandato, o que não se confirmou.

Desde a votação, o premiê israelense, alvo de investigações por corrupção, vem travando duras negociações com Avigdor Lieberman, que foi seu ministro da Defesa. Dado o impasse, o Likud iniciou o processo de dissolução do Parlamento (Knesset). Ontem, o Legislativo deu mais um passo para a celebração de novas eleições legislativas, com a aprovação, em primeiro turno, da lei que motivaria a convocação de um novo pleito.

A dissolução recebeu 66 votos a favor e 44 contrários. Um dia antes, na leitura preliminar, foram registrados 65 votos a favor, 43 contra e seis abstenções. Em caso de aprovação definitiva, a lei estabelece a data de 17 de setembro para as novas eleições. Uma alternativa à realização do pleito seria o presidente Reuven Rivlin confiar a formação do governo a outro deputado, uma hipótese que o premiê rejeita.

;Eu propus uma solução, mas até agora não consegui convencer Lieberman;, afirmou Netanyahu ao Parlamento na segunda-feira. ;Vamos formar esse governo de direita. Ainda há tempo e, em 48 horas, podemos fazer muitas coisas. Não há nenhum motivo para fazer eleições inúteis que custarão caro e bloquearão todas as atividades no país;, acrescentou.

Para sair da crise, a lista de centro-direita do principal opositor de Netanyahu, o general Benny Gantz, disse estar disposto a formar um governo de união com o Likud. Nesse caso, o governo teria uma sólida maioria de 70 deputados, de um total de 120. Entretanto, o partido de Ganz coloca como condição que o governo não inclua Netanyahu, algo que ele não parece querer aceitar.

As eleições de 9 de abril foram antecipadas pelo primeiro-ministro, num movimento interpretado por analistas como uma tentativa de reforçar o seu poder diante de uma possível acusação em três casos de corrupção. Tudo ia bem, mas os problemas legais enfrentados por Netanyahu o tornaram vulnerável a tentativas de extorsão política, na avaliação dos especialistas.

A realização de novas eleições num intervalo tão curto seria algo sem precedentes em Israel e existe preocupação com o custo e a longa estagnação política. Sem contar que representaria um duro revés para Netanyahu, que recebeu o apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, um de seus principais aliados no cenário internacional.