Em uma longa entrevista à correspondente da Televisa, Valentina Alazraki, cuja transcrição foi publicada na última segunda-feira pelo site oficial da Santa Sé, Vaticano News, o pontífice argentino também analisou a situação das mulheres no mundo e as denúncias de abuso sexual na Igreja.
"Eu não sei o que acontece quando entra essa nova cultura de defender territórios fazendo um muro. Já conhecemos um, o de Berlim, que causou muita dor de cabeça e muito sofrimento", comentou.
O pontífice, que descartou uma visita ao México por enquanto, reconheceu que sua preocupação com os migrantes em todo o mundo é um tema recorrente em seus discursos porque ele o considera uma "prioridade".
Para o papa latino-americano, conhecido por sua sensibilidade às questões sociais, o fenômeno da migração surge do aumento da diferença entre ricos e pobres.
"Cada vez há menos ricos, ah que bom... Não! Menos ricos com a maior parte da riqueza do mundo. E cada vez há mais pobres com menos do que o mínimo para viver; Ou seja,toda a fortuna está concentrada em grupos bastante pequenos em relação aos outros", explicou.
Interrogado sobre a violência contra a mulher, sobre o aumento dos feminicídios, outro fenômeno de caráter mundial, o papa optou por uma explicação mais antropológica.
"O mundo sem a mulher não funciona. Não porque é ela que traz os filhos, deixemos a procriação de lado; Uma casa sem a mulher não funciona", assegurou.
Sobre os casos de bispos envolvidos nos escândalos de abusos, o pontífice confessou que não recebe todas as informações.
"Nem sempre é por corrupção, às vezes é o estilo da cúria, mas é um estilo que tem que ajudar a corrigir", admitiu.