Um dia depois de Theresa May anunciar a renúncia ao cargo de premier britânica, esquenta a movimentação de interessados em substituí-la. O ministro da saúde, Matt Hancock, divulgou sua candidatura pelo Twitter. ;Implementarei o Brexit. Depois, avançaremos para o futuro radiante que devemos construir para o Reino Unido;, publicou. Há outros quatro nomes oficializados na disputa: o ex-ministro de Relações Exteriores Boris Johnson, o atual ministro dessa pasta, Jeremy Hunt, o secretário de Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, e a ex-ministra do Trabalho e Aposentadoria Esther McVey.
Especula-se que ao menos mais sete pessoas estejam considerando tentar a liderança do Partido Conservador e, por extensão, o posto de premier. Questionados também ontem, o ministro do Comércio britânico, Liam Fox, e o ex-ministro do Brexit Steve Baker não descartaram o interesse pelo cargo. O processo sucessório deve começar em 10 de junho, logo depois da oficialização da saída de May, marcada para o dia 7.
A expectativa é de que a disputa dure de seis a oito semanas. O Partido Conservador fará uma espécie de ;funil; das candidaturas, por meio de votações sucessivas, até chegar a dois nomes. Espera-se que os cerca de 100 mil membros do partido elejam, até 20 de julho, um novo líder entre os candidatos selecionados.
O próximo chefe de governo enfrentará as mesmas lutas de poder na Câmara dos Comuns, com os trabalhistas como principais opositores, já que sua chegada não está condicionada a novas eleições legislativas. ;A questão é se um novo premier poderá se encontrar com os 27 da União Europeia e obter um acordo diferente, mais atraente para o Parlamento;, analisa o professor de política pública na London School of Economics Tony Travers. A Comissão Europeia antecipou que a saída de May não mudará em nada a posição dos 27 sobre o acordo do Brexit. ;O acordo de retirada não está aberto a renegociação;, afirmou o premier holandês, Mark Rutte.
Posições distintas
Por três vezes, May tentou, sem sucesso, aprovar, no Parlamento, o acordo de saída da União Europeia, uma questão que divide o país. O novo líder terá que renegociar um acordo com Bruxelas ou optar por uma saída sem acordo, chamada de ;Brexit duro;. A data original de saída, 29 de março, foi estendida para 31 de outubro, na esperança de que algum acordo seja concretizado.
Grande favorito das apostas, o ex-chanceler e ex-prefeito de Londres Boris Johnson foi um dos responsáveis pela vitória do Brexit no referendo. Ele sequer esperou a declaração de renúncia de Theresa May para anunciar sua candidatura ao cargo e, já na sexta-feira, afirmou que buscaria renegociar o acordo da atual premier com Bruxelas, mas estaria ;disposto a sair; sem um acordo.
Outros candidatos assumiram posturas diferentes. O secretário Rory Stewart declarou à rádio BBC4 que ;não poderia servir um governo cuja política é empurrar o país para um Brexit sem acordo;. À Sky News, o ministro Matt Hancock declarou que ;um divórcio sem acordo não é uma escolha política possível para o próximo primeiro-ministro;. Para o deputado trabalhista Chris Bryant, o futuro premier que optar por um divórcio duro da UE ;terá o mesmo destino de May;, sendo que a saída do cargo ;seria uma questão de semanas ou meses, não de anos;.
Mais três votações para o Parlamento
Letônia, Malta e Eslováquia votaram, ontem, para eleger os deputados do Parlamento Europeu. As pesquisas seguem indicando um crescimento dos partidos populistas e de extrema direita que, se concretizado, poderá impactar no equilíbrio de poder do bloco. Os 751 eurodeputados desempenharão papel fundamental na elaboração das leis europeias durante cinco anos. Mais de 400 milhões de eleitores estão registrados para comparecer às urnas nos quatro dias de eleição. O pleito termina hoje, com votação em 21 países, incluindo França, Alemanha e Itália. A divulgação dos resultados deve ocorrer no fim da tarde.