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Urnas abertas para 370 milhões


Mais de 370 milhões de eleitores, espalhados pelos 28 países-membros da União Europeia (UE), começam a votar hoje nas eleições para a renovação do parlamento do bloco, em um momento crítico para os rumos do continente. O controle da imigração, o status das fronteiras nacionais e a relação com minorias étnicas e religiosas, em especial os muçulmanos, são temas centrais do pleito. A expectativa é de que os partidos e movimentos ultranacionalistas de direita sejam os grandes beneficiários da crise e cresçam para uma representação na casa de 20% dos eurodeputados, atrás apenas das legendas tradicionais de direita e de esquerda.

Os chamados eurocéticos disputam a liderança nas pesquisas de intenções de voto em alguns dos países com maior representação no Parlamento Europeu, como é o caso da França. A Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, derrotada na eleição presidencial de 2016 por Emmanuel Macron, que teve dois terços dos votos no segundo turno, superou o partido República em Marcha, criado pelo presidente. A tendência a favor da ultradireita se alimenta, entre outros fatores, dos protestos conduzidos semanalmente pelos ;coletes amarelos;.

Situação semelhante se apresenta no Reino Unido, como reflexo do impasse na condução do Brexit ; o processo pelo qual o país procede à saída da UE, segundo decisão tomada em referendo, em 2016. Com o desgaste do governo conservador e da oposição trabalhista, vistos como responsáveis pela incapacidade de efetivar o ;divórcio;, quem assumiu a liderança nas pesquisas foi o Partido do Brexit, recém-fundado pelo nacionalista Nigel Farrage, artífice da campanha pelo rompimento com o bloco.

É na Alemanha, que tem peso preponderante no bloco e elege o maior número de deputados, entre os 28 países-membros, que as forças eurocéticas ganham terreno com mais ímpeto. A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler (chefe de governo) Angela Merkel, permanece à frente, seguida pelo Partido Social Democrata (SPD), parceiro de coalizão. Ambos, porém, perdem eleitores constantemente para forças de ultradireita, em especial a Alternativa para a Alemanha (AfD.

Na Itália, as atenções se voltam para a esperada vitória da Liga, partido que abandonou o separatismo do norte industrializado, mas mantém o discurso radical contra a imigração e desafia as políticas tolerantes de Bruxelas ; defendidas ardorosamente pela chanceler alemã. O ministro do Interior e vice-premiê, Matteo Salvini, homem forte do governo em Roma, assumiu o comando da articulação para compor uma bancada coesa do campo ultradireitista em Estrasburgo.