Dominados por jihadistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ex-facção síria da Al-Qaeda, a província de Idleb e os territórios adjacentes insurgentes escapam ao controle de Bashar al-Assad, que conduz bombardeios na região desde fevereiro.
Mas os bombardeios dos últimos dias foram os mais violentos desde que Moscou e Ancara revelaram em setembro de 2018 um acordo sobre uma "zona desmilitarizada" para separar os territórios insurgentes das zonas do governo e garantir o cessar das hostilidades.
O presidente francês Emmanuel Macron expressou no Twitter nesta terça-feira sua "extrema preocupação" com a "escalada da violência" em Idlib. Antes dele, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, instou os beligerantes a protegerem os civis.
Os ataques desta terça visaram localidades em Idlib e em Hama, afirmou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Dezenas de veículos e caminhonetes transportando mulheres e crianças entre colchões e pilhas de pertences fugiram do sul de Idlib para o norte, relativamente poupado dos ataques, segundo um correspondente da AFP.
Fugindo de uma aldeia no sul da província de Idlib com sua esposa e três filhos, esta é a terceira vez que Abu Ahmed se vê desalojado pelo conflito. "Desta vez foi o mais aterrorizante. Os aviões não param, nem as granadas", disse o homem de quarenta anos.
"Ainda temos um longo caminho, não sabemos para onde estamos indo, mas queremos o fim dos bombardeios", ressaltou.
Mais de 150 mil pessoas foram deslocadas desde fevereiro na região, segundo a ONU.
No norte de Hama, os combates duraram a noite toda até que as forças do regime assumiram o controle de uma colina e de duas aldeias controladas por jihadistas, de acordo com o OSDH.
Pelo menos 24 combatentes pró-regime foram mortos nesses confrontos, assim como 29 jihadistas, incluindo membros da HTS e do Partido Islâmico do Turquestão, segundo o Observatório.
Desde 28 de abril, pelo menos sete hospitais ou centros médicos foram atingidos pelos bombardeios, tornando alguns deles inoperantes. Nove escolas também foram afetadas.
"A situação humanitária na Síria é crítica e nenhuma opção militar é aceitável", disse o presidente Macron no Twitter.
Idlib é a última grande fortaleza jihadista na Síria, após mais de oito anos de conflito devastador.
A esmagadora maioria de cerca de três milhões de pessoas vive graças à ajuda humanitária. Metade deles são deslocados internos que chegaram a Idlib depois de fugirem de outros redutos rebeldes recuperados pelo regime.
Aron Lund, especialista do think tank The Century Foundation, não exclui "uma ofensiva limitada em Idlib com o objetivo de enfraquecer a HRT" ou obter "concessões específicas".
Um cenário mais plausível, uma vez que duas importantes estradas cruzam Idlib.