O local escolhido não poderia ser mais emblemático: a Fortaleza de Peniche, de 1557, que se transformou em uma prisão do Estado Novo do país. A ideia durante a ditadura era manter os presos em total isolamento. A imprensa local retrata hoje nos jornais e ao longo da programação da televisão imagens internas do local, que abrirá suas portas amanhã apenas de parte do complexo.
As reportagens revelam que ali foi o coração da censura militar à liberdade de expressão, principalmente aos veículos de comunicação e artistas, e lembram que o complexo era para ser transformado em um hotel há dois anos, numa prática que vem ocorrendo no país em locais históricos. A reversão da ideia do governo de liberar a fortaleza para o setor privado se deu depois de protestos realizados pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (Urap).
Amanhã, quando é feriado nacional, o primeiro-ministro português, António Costa (Partido Socialista) fará a inauguração de um memorial que imprimirá no local o nome de 2.510 presos políticos que passaram pela fortaleza nessas quatro décadas - 40 deles ainda estão vivos. Para transformar o local em um museu, que será parcialmente inaugurado, o governo gastou 3 milhões de euros.