"Os autores dos ataques contra os cidadãos dos países da Coalizão (anti-EI) e os cristãos no Sri Lanka de anteontem são combatentes do EI", anunciou o grupo extremista por meio de sua agência de propaganda Amaq.
Estes foram os ataques islamitas mais violentos já registrados no sul da Ásia, o que levou o governo a decretar estado de emergência. Entre as vítimas estão pelo menos 45 crianças e adolescentes, incluindo um bebê de 18 meses, anunciou a ONU.
Os primeiros elementos da investigação revelam que dois irmãos cingaleses muçulmanos estavam entre os homens-bomba e tiveram um papel fundamental nos atentados.
O ministro cingalês da Defesa, Ruwan Wijewardene, afirmou nesta terça-feira que o "que aconteceu no Sri Lanka foi uma represália pelo ataque contra os muçulmanos de Christchurch", cidade neozelandesa onde um massacre matou 50 pessoas em duas mesquitas no dia 15 de março.
Os 21 milhões de habitantes do Sri Lanka observaram três minutos de silêncio às 8H30 locais, horário da primeira explosão no domingo de Páscoa, ativada por um homem-bomba na igreja católica de Santo Antônio de Colombo.
Na segunda-feira, a polícia encontrou perto do local outro artefato que explodiu antes da desativação.
O governo decretou a terça-feira como dia de luto nacional: as bandeiras foram hasteadas a meio mastro nos edifícios públicos e a rádio e televisão transmitiam programas musicais.
Na igreja de Santo Antônio, dezenas de pessoas, com velas nas mãos, rezaram em silêncio, mas não conseguiram conter as lágrimas.
Após os três minutos de silêncio, os fiéis retomaram a oração em voz alta.
Quase 30 quilômetros ao norte da capital, na cidade de Negombo, na igreja de São Sebastião, alvo de um atentado suicida, os corpos de várias vítimas foram velados.
Os caixões estavam cercados por parentes.
"Há tantos corpos que não podemos velar todos ao mesmo tempo", explicou à AFP Anthony Jayakody, arcebispo auxiliar de Colombo.
As forças de segurança prosseguem com as investigações sobre os atentados, atribuídos pelo governo ao grupo islamita National Thowheeth Jama;ath (NTJ).
O estado de emergência, que permite uma ação mais rápida e autônoma das forças de segurança, entrou em vigor à meia-noite de segunda-feira.
A polícia anunciou novas operações e 40 pessoas foram detidas até o momento.
O número de vítimas aumentou nas últimas horas, depois que vários feridos em estado grave não resistiram aos ferimentos.
Entre as vítimas fatais estão pelo menos 39 estrangeiros, indicou uma fonte policial à AFP.
Crise política
Os investigadores buscam determinar se o NTJ teve um apoio logístico a partir do exterior.
O grupo, relativamente desconhecido, foi relacionado no ano passado com atos de vandalismo contra estátuas budistas.
"Não vemos como uma pequena organização neste país poderia fazer tudo isto", afirmou na segunda-feira Rajitha Senaratne, porta-voz do governo e ministro da Saúde.
"Investigamos sobre uma eventual ajuda estrangeira e seus outros vínculos, como treinaram os homens-bomba, como fabricaram as bombas", completou.
Uma nota transmitida 10 dias antes dos ataques à polícia do Sri Lanka alertava que o NTJ preparava atentados contra igrejas e a embaixada da Índia em Colombo.
Senaratne afirmou que o alerta não foi transmitido ao primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe nem a outros membros do governo, o que poderia provocar uma nova crise entre o presidente e o premier.
A polícia está sob a autoridade do presidente Maithripala Sirisena, que está em conflito aberto com o primeiro-ministro.
No ano passado, o presidente destituiu o primeiro-ministro, mas teve que aceitar seu retorno ao poder após sete semanas de caos político.
O violento Domingo de Páscoa terminou com oito atentados, seis durante a manhã e dois no período da tarde, em vários pontos do Sri Lanka, um país muito procurado pelos turistas por suas praias e sua vegetação.
Em Colombo foram atacadas a igreja de Santo Antônio e três hotéis de luxo.
Igrejas foram atacadas em Negombo, ao norte de Colombo, e em Batticaloa, região leste da ilha.
Durante a tarde foram registradas explosões em um hotel de Dehiwala, na periferia sul de Colombo, e em Orugodawatta, zona norte da capital.