Os egípcios vão as urnas neste sábado no primeiro de três dias de um referendo sobre um pacote de emendas constitucionais que poderá prorrogar o mandato do presidente Abdel-Fattah el-Sissi até 2030, além de conceder ainda mais poderes militares ao chefe de estado.
O período mais prolongado de votação tem como objetivo permitir a maior participação da população, o que segundo o governo deve conceder maior legitimidade ao referendo.
Críticos tem alertado que as mudanças propostas representam um grande passo na direção de um governo talvez ainda mais duro que o do autoritário ex-presidente Hosni Mubarak, que após quase três décadas no poder teve de deixar o cargo no ano de 2011 em meio a um levante popular.
O referendo nacional acontece ainda em meio a um racha sem precedentes entre os partidos dissidentes. O governo de El-Sissi prendeu centenas de pessoas, a maior parte islâmicos, mas também ativistas seculares proeminentes e retirou liberdades conquistas oito anos atrás.
Mahmoud el-Sherif, porta-voz da Autoridade Nacional das Eleições, disse que mais de 61 milhões de pessoas estão aptas a votar. Os resultados devem ser divulgados em um semana, afirmou el-Sherif durante coletiva de imprensa.
Forte segurança policial e do exército foi relatada nos arredores dos postos de votação por todo o país. Do lado de fora de um centro de votação próximo das pirâmides de Gizé, um grupo de pouco mais de 20 pessoas, a maior parte mulheres idosas, esperavam em uma fila para votar.
Haja Khadija, uma dona de casa de 63 anos, disse que veio em nome da "segurança e estabilidade" do país. "Amamos el-Sissi. Ele fez muitas coisas. Ele aumentou nossas aposentadorias".
Já Omar Knawy, escritor de romances, votou "Não" no referendo. Ele é contra a maior parte das mudanças propostas, mas em especial a que permitiria a el-Sissi permanecer no poder além do seu atual segundo mandato de quatro anos. Knawy também se opõe aos artigos que delegariam aos militares o papel de "guardiães e protetores" do estado, da democracia e da constituição do Egito.
Ao depositar seu voto na urna neste sábado, o primeiro-ministro Mustafa Madbouly instou a população a comparecer. Segundo ele, votar irá refletir "a atmosfera de estabilidade e democracia que estamos testemunhando agora".
De acordo com a TV estatal, el-Sissi deve votar no distrito de Heliópolis, no Cairo, região próxima do palácio presidencial. O chefe de estado, que tem repetidamente afirmado que não ficará no poder mais tempo do que o povo desejar que fique, não fez comentários sobre as emendas que permitiriam prorrogar seu mandato. Fonte: Associated Press.