Voluntários da Cruz Vermelha distribuíram nesta terça-feira os primeiros itens de emergência na Venezuela, após meses de disputa entre o governo, que tem negado a existência de uma crise humanitária, e opositores que tentaram utilizar a entrega de ajuda para forçar o presidente Nicolás Maduro a deixar o poder.
No bairro operário de Catia, perto do centro de Caracas, partidários do governo conhecidos como "coletivos" dispararam para o ar quando caminhões com o logotipo da Cruz Vermelha chegaram para a distribuição de tabletes de purificação de água e galões plásticos vazios, entre outros itens. Um pequeno contingente da polícia se apresentou para restabelecer a ordem.
O governo e a oposição trocam acusações de politizar a crise, enquanto grupos de direitos humanos afirmam que vidas continuam sendo perdidas. Líder da oposição e autointitulado presidente legítimo do país, Juan Guaidó convocou a comunidade internacional a arrecadou centenas de toneladas de ajuda na fronteira com a Colômbia. O presidente Nicolás Maduro, porém, recusava-se a permitir a entrada do material. Em fevereiro, as forças de segurança locais bloquearam pontes fronteiriças e reprimiram líderes oposicionistas que tentavam entregar ajuda.
Na noite desta terça-feira, Maduro tentou conseguir crédito pela chegada do primeiro lote de ajuda internacional da Cruz Vermelha. Ele disse em rede de televisão nacional que seu governo coordenou isso de modo "legal, ordenado, cumprindo os protocolos internacionais". Mas a entrega representa também um reconhecimento tático por Maduro de que o país sul-americano enfrenta uma crise humanitária, algo que durante muito tempo ele qualificou como uma medida de propaganda dos oposicionistas. Fonte: Associated Press.