foi apagado, nesta terça-feira (16/4), mas ainda persistem dúvidas sobre a resistência da estrutura deste símbolo da cultura europeia e testemunha da história da França, que começa a planejar a reconstrução.
Milhões de pessoas em todo planeta acompanharam horrorizadas a evolução das chamas, que arderam intensamente durante mais de 12 horas, depois que o incêndio começou na parte superior da catedral gótica, destruindo parte da cobertura e sua emblemática torre em forma de flecha.
Na manhã desta terça-feira, o porta-voz do corpo de bombeiros de Paris, Gabriel Plus, anunciou que o incêndio está totalmente apagado. "Todo o fogo está apagado. Entramos na fase da perícia", disse Gabriel Plus à imprensa diante da catedral.
As autoridades privilegiam a pista de um acidente "potencialmente ligado" às obras de restauração do teto. "Nada aponta para um ato voluntário", afirmou o procurador de Paris, Rémy Heitz. Quinze operários que estavam na catedral na segunda-feira começaram a prestar depoimento.
Ao mesmo tempo, os bombeiros prosseguem com o trabalho diante dos olhares tristes de parisienses e turistas, que se aproximaram para observar o estado da catedral, que fica no coração de Paris, às margens do rio Sena.
Pilhas de escombros
Plus detalhou um balanço material "dramático": "todo teto foi atingido, parte da abóbada caiu, a flecha não existe mais". As duas torres emblemáticas permaneceram de pé, assim como a grande rosácea da fachada sul, mas uma porta parcialmente aberta permitiu observar uma pilha de escombros e algumas vigas no chão.
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A prefeitura de Paris iniciou uma operação para salvar todas as obras de arte. A coroa de espinhos e a túnica de São Luís, duas das relíquias mais importantes, estão resguardadas, segundo o monsenhor Patrick Chauvet, reitor da catedral.
Uma das preocupações nesta terça-feira era a situação da estrutura da catedral, que começou a ser construída no século XII. A estrutura "resiste" mas foram detectadas "vulnerabilidades" no edifício, em particular "na abóbada e em um pinhão do transepto", explicou o secretário de Estado do Interior, Laurent Nuñez, após uma reunião com arquitetos.
Reconstrução
Os bombeiros entraram durante a noite "com muita coragem" nas torres para combater a tragédia por dentro e "evitar justamente que desabassem", explicou o secretário. "O pior foi evitado", afirmou na segunda-feira o presidente Emmanuel Macron diante da catedral.
"Nós vamos reconstruir", completou, visivelmente emocionado. Restaurar o edifício exigirá anos de obras, indicou o novo presidente da Conferência Episcopal da França, Eric de Moulins-Beaufort.
"Nós vamos reconstruir", completou, visivelmente emocionado. Restaurar o edifício exigirá anos de obras, indicou o novo presidente da Conferência Episcopal da França, Eric de Moulins-Beaufort.
O fogo queimou a base de madeira do teto de mais de 100 metros de comprimento, conhecido como "a floresta" pelo grande número de vigas que foram utilizadas para sua instalação, assim como o pináculo (a flecha) de 93 metros de altura, um dos símbolos de Paris. A catedral de Notre-Dame é o monumento histórico mais visitado da Europa, com entre 12 e 14 milhões de visitantes por ano.
Chuva de doações
A Fundação do Patrimônio, organização privada que trabalha para proteger o patrimônio francês, iniciou uma campanha de "arrecadação nacional" para a reconstrução da catedral, que pode levar anos, ou até décadas, ao custo de centenas de milhões de euros. Até meio-dia havia arrecadado ; 1,6 milhão.
Ao valor é preciso somar o cheque de 50 milhões de euros assinado pela prefeitura de Paris e outras doações privadas como as anunciadas pelas duas famílias mais ricas do país, os Arnault (200 milhões) e os Pinault (100 milhões), ou a da petroleira Total (100 milhões)
Mas a solidariedade não se limita ao território francês. O rei de Krindjabo, capital do reino de Sanwi, na Costa do Marfim, anunciou que doará dinheiro para a reconstrução do templo parisiense, onde nos anos 1700 um príncipe de seu reino foi batizado.
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A cidade húngara de Szeged ofereceu 10.000 euros em agradecimento pela ajuda que recebeu de Paris após uma inundação que a devastou há mais de um século. O papa Francisco apelou à "mobilização de todos" para reconstruir esta "joia arquitetônica".
840 anos
A Unesco, com sede em Paris, prometeu trabalhar com a França para restaurar a catedral, inscrita desde 1991 em sua lista de Patrimônio da Humanidade.
"Notre-Dame estava aqui há 840 anos. Como faremos para reconstruí-la? Os que a construíram não estão mais aqui... Conhecemos todos seus detalhes, seus segredos?", questionou a estudante Christelle, enquanto observava entristecida o monumento.
Notre-Dame acompanhou a história de Paris desde a Idade Média. Seus sinos anunciaram, em 24 de agosto de 1944, a libertação do jugo nazista e, no templo, aconteceram os funerais de vários chefes de Estado, como Charles de Gaulle e François Mitterrand.