Bruxelas, Bélgica - Os líderes europeus devem conceder, nesta quarta-feira (10/4), outra prorrogação do Brexit à primeira-ministra britânica, Theresa May, para evitar o temido divórcio sem acordo, embora sua duração e suas condições ainda sejam uma grande incógnita.
A líder conservadora, confrontada com a relutância da ala mais eurocética de seu partido, pediu uma nova extensão do prazo, até 30 de junho, para tentar chegar a uma maioria trabalhista com a oposição em favor do acordo de divórcio que o Parlamento britânico já rejeitou três vezes.
No entanto, na reunião de líderes europeus terá como discussão principal a proposta do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, de uma extensão flexível de não mais de um ano para dar mais tempo a Londres para sair do caos político.
"Nossa experiência até agora, bem como as profundas divisões na Câmara dos Comuns, nos dão poucas razões para acreditar que o processo de ratificação pode ser concluído até o final de junho", disse Tusk.
A influente chanceler alemã, Angela Merkel, também se declarou a favor de adiar o Brexit além de 30 de junho, o prazo solicitado pelo Reino Unido.
"Sou da opinião de que devemos deixar um prazo razoável aos partidos britânicos para negociar uma saída à crise e que, portanto, é muito possível que seja maior que o solicitado pela primeira-ministra britânica", disse Merkel.
Merkel também garantiu que o resultado de hoje não fracassará por um desacordo entre a Alemanha e a França e por isso se reunirá com Macron antes do início da cúpula prevista para as 18H00 local (13H00 de Brasília) em Bruxelas.
O Reino Unido deveria ter deixado a UE em 29 de março, mas com o bloqueio parlamentar May decidiu pedir mais tempo e procurou seu arqui-inimigo, o líder trabalhista Jeremy Corbyn, em busca de um consenso.
Até agora sem sucesso, as conversações entre o executivo e a oposição de esquerda foram adiadas para depois da cúpula.
Linhas vermelhas
A UE está preocupada com o bom funcionamento do bloco se o Reino Unido continuar sendo membro depois de 1o. de julho, quando o novo Parlamento europeu for formado, dando início à nova legislatura no bloco.
Por isso, um dos limites da UE é que se o Reino Unido continuar sendo membro depois dessa data deve participar das eleições europeias previstas de 2 a 26 de maio e escolher seus eurodeputados.
Segundo fontes diplomáticas europeias, a UE estaria considerando conceder uma prorrogação até 30 de junho, se a primeira-ministra britânica finalmente conseguir que a Câmara dos Comuns aprove o acordo antes de 22 de maio.
No caso de um novo adiamento, os europeus exigirão uma "cooperação leal" do Reino Unido como país de partida e não colocarão as engrenagens no caminho da adoção dos próximos "principais projetos europeus", disse Tusk.