Tokyo, Japão - Um tribunal de Tóquio decidiu, nesta sexta-feira (5/4), que o ex-presidente da Renault-Nissan Carlos Ghosn permanecerá detido até 14 de abril, após sua nova prisão, por suspeita de sonegação fiscal. A Corte Distrital da capital japonesa informou que aceitou o pedido apresentado pela promotoria para estender a detenção do executivo, e determinou que o período de privação de liberdade vá até o dia 14 de abril.
As autoridades japonesas investigam novas suspeitas de que Ghosn transferiu 15 milhões de dólares de fundos da Nissan, entre o final de 2015 e meados de 2018, a um revendedor en Omã. Para os investigadores japoneses, a suspeita é que aproximadamente cinco milhões do total foram desviados para uso de Ghosn, incluindo a compra de um iate de luxo e investimentos pessoais.
Os investigadores afirmam que Ghosn "traiu" sua responsabilidade de não provocar prejuízos a Nissan "em benefício próprio". Ghosn nega todas as denúncias. O advogado americano Stephen Givens, um especialista em legislação japonesa, afirmou à AFP que as acusações mais recentes são as mais graves até agora.
"Se os fatos são verdadeiros, isto é roubar da empresa. Isto é terrível", disse Givens, que não está vinculado ao caso.
Se estiver correto, esta é uma acusação muito séria. É diferente das acusações apresentadas contra ele previamente, que eram do tipo administrativo e de caráter técnico", disse.
Givens afirmou que a nova acusação contra Ghosn significa que "provocou dano a Nissan e aos acionistas da Nissan". O ministro japonês da Justiça, Takashi Yamashita, comentou nesta sexta-feira as críticas aos longos períodos de detenção previstos na lei para suspeito.
"Entendo que tem sido conduzido de forma apropriada e de acordo com o estipulado pelo código de procedimento criminal. As críticas não cabem", disse. Ghosn voltou a ser detido na quinta-feira por novas suspeitas de sonegação financeira. A detenção ocorreu apenas um mês depois de o executivo ter sido libertado e um dia depois de ter anunciado no Twitter uma coletiva de imprensa para 11 de abril.
O ex-executivo foi preso desta vez devido à existência de um "risco de destruição de provas", declarou na quinta-feira o procurador adjunto Shin Kukimoto. Ghosn havia saído da prisão - sob fiança - em 6 de março, acusado de três crimes por declarações inexatas de rendimentos entre os anos 2010 e 2018 em documentos que a Nissan entregou a autoridades financeira.
A novela envolvendo Ghosn, 65 anos, começou em 19 de novembro, com a prisão do então poderoso presidente da aliança automobilística Renault-Nissan-Mitsubishi Motors.