Agência France-Presse
postado em 27/03/2019 20:57
San Francisco, Estados Unidos - O grupo Monsanto foi declarado culpado, nesta quarta-feira (27/3), de negligência por um júri da Califórnia e condenado a pagar cerca de 81 milhões de dólares a um aposentado americano que sofre de um câncer que ele atribui ao polêmico herbicida Roundup.
A sentença representa um grave revés para o gigante alemão Bayer, o proprietário da Monsanto, que já foi condenada em um julgamento similar realizado em agosto passado nos Estados Unidos.
O júri considerou que a Monsanto não fez o suficiente para alertar os usuários do risco potencialmente cancerígeno do seu produto, que contém glifosato.
Os jurados determinaram que o Roundup tinha um "defeito de design", que "carecia" de advertências sanitárias sobre os riscos e que a Monsanto tinha sido "negligente".
Do valor total da condenação, 75 milhões são por danos "punitivos" pela conduta do grupo.
Na semana passada, o mesmo júri determinou que a exposição ao Roundup foi um "fator determinante" no desenvolvimento do câncer de Edwin Hardeman. Após essa decisão, foi aberta a segunda fase do julgamento, dedicada à responsabilidade da Monsanto, que se encerrou com a condenação desta quarta-feira.
Em nota, a Bayer posicionou-se sobre a decisão do júri da Califórnia. Confira:
"Estamos decepcionados com a decisão do júri, mas esta deliberação não altera o peso de mais de quatro décadas de ciência extensiva e as conclusões de órgãos reguladores em todo o mundo que apoiam a segurança de nossos herbicidas à base de glifosato e que eles não são carcinogênicos. A Bayer apelará da decisão.
Em nota, a Bayer posicionou-se sobre a decisão do júri da Califórnia. Confira:
"Estamos decepcionados com a decisão do júri, mas esta deliberação não altera o peso de mais de quatro décadas de ciência extensiva e as conclusões de órgãos reguladores em todo o mundo que apoiam a segurança de nossos herbicidas à base de glifosato e que eles não são carcinogênicos. A Bayer apelará da decisão.
Este julgamento não tem impacto em casos futuros porque cada caso tem suas próprias circunstâncias factuais e legais. O júri neste caso deliberou por mais de quatro dias antes de chegar a uma conclusão, uma indicação de que, muito provavelmente, estava dividido sobre a evidência científica.
Nos solidarizamos com o Sr. Hardeman e sua família.
A Bayer apoia esses produtos e irá defendê-los com vigor. Os produtos Roundup; e seu ingrediente ativo, o glifosato, vêm sendo usados com segurança e sucesso há mais de quatro décadas em todo o mundo e são uma ferramenta valiosa para ajudar os agricultores a praticar agricultura sustentável, reduzindo a aragem do solo, a erosão e as emissões de carbono. Autoridades regulatórias em todo o mundo consideram os herbicidas à base de glifosato seguros quando usados de acordo com as instruções. Um extenso conjunto de pesquisas sobre o glifosato, incluindo mais de 800 estudos exigidos pela EPA (Agência de Proteção Ambiental nos Estados Unidos), por agências europeias e outros órgãos reguladores, confirma que esses produtos são seguros quando usados conforme as instruções.
Particularmente, o maior e mais recente estudo epidemiológico - o estudo independente de 2018 apoiado pelo Instituto Nacional do Câncer (nos Estados Unidos) - que acompanhou mais de 50.000 aplicadores de defensivos por mais de 20 anos não encontrou associação entre os herbicidas à base de glifosato e o câncer. Além disso, em 2017 a EPA (Agência de Proteção Ambiental nos Estados Unidos) examinou mais de 100 estudos que a agência considerou relevantes e concluiu que ;é improvável que o glifosato seja carcinogênico para humanos;, sua classificação mais favorável. Como a Health Canadá destacou em um comunicado recente, ;nenhuma autoridade reguladora de pesticidas no mundo atualmente considera o glifosato como um produto que traga risco de câncer para humanos nos níveis em que humanos são expostos atualmente;.