O secretário de Justiça dos EUA, William Barr, enviou ontem uma carta aos congressistas que resume as conclusões do procurador especial Robert Mueller, a principal delas é que não houve conluio entre a campanha presidencial de Donald Trump e agentes russos, em 2016. Ao analisar uma possível obstrução de Justiça, porém, a investigação não condena nem exonera o presidente.
A investigação sobre a campanha presidencial durou cerca de dois anos e apurou se houve conluio, por parte de Trump e de seus assessores, com agentes russos em 2016 para prejudicar a democrata Hillary Clinton. O relatório confidencial com o resultado da investigação foi entregue na sexta-feira por Mueller a Barr.
No domingo, 24, Barr enviou uma carta de quatro páginas aos congressistas, na qual afirma que "a investigação do procurador especial não encontrou provas de que a campanha ou alguém associada a ela conspirou ou coordenou com os russos para influenciar as eleições".
O procurador especial também investigou se houve tentativa de obstrução de Justiça de Trump para impedir o avanço das investigações. No resumo entregue aos congressistas, Barr conclui que os investigadores não tinham provas suficientes para indicar a obstrução.
Trump comemorou o relatório como uma "exoneração completa". "Sem conluio, sem obstrução, completa e total exoneração. Mantenha a América grande", reagiu o presidente pelo Twitter, logo depois da divulgação da carta aos parlamentares.
Também pelo Twitter, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, escreveu que "as conclusões do Departamento de Justiça são uma total e completa exoneração do presidente dos Estados Unidos".
Em comentário rápido a repórteres, Trump disse que a suspeita sobre conluio foi "a coisa mais ridícula" que ele já tinha ouvido. "Depois de uma longa investigação, depois de tantas pessoas serem prejudicadas, depois de não olharem para o outro lado, foi anunciado que não há conluio com os russos, a coisa mais ridícula que já ouvi. Não teve obstrução. Foi uma exoneração completa e total. É uma vergonha que nosso país tenha que ter passado por isso, que seu presidente tenha passado por isso", disse Trump.
Pressão
Enquanto os republicanos consideram que o resumo entregue por Barr torna o caso uma página virada, a oposição pressiona para que o secretário de Justiça torne pública a íntegra do relatório de Mueller.
A maioria dos democratas confia no trabalho do procurador especial, mas não na ação do secretário de Justiça - indicado recentemente por Trump. O temor é de que Barr tenha selecionado trechos do relatório para corroborar sua narrativa. Além disso, o documento elaborado por Mueller poderia conter evidências de outros crimes, não apenas de conspiração. A oposição quer entender, por exemplo, por que os assessores de Trump mentiram reiteradas vezes sobre contatos com agentes russos.
Os deputados democratas do Comitê de Justiça da Câmara já anunciaram que planejam pedir que Barr explique "discrepâncias" no sumário entregue aos congressistas e apontam que o relatório de Mueller não exonera o presidente de crimes.
"À luz de discrepâncias muito preocupantes e da decisão final no Departamento de Justiça, após o relatório do procurador especial, no qual Mueller não exonerou o presidente, nós convocaremos o secretário de Justiça para testemunhar em um futuro próximo", anunciou o deputado Jerry Nadler, presidente do Comitê de Justiça.
As investigações de Mueller criaram turbulência política em Washington, porque atingiram assessores diretos do presidente, como o ex-advogado de Trump, Michael Cohen, e seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.