O ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta-feira, 20, que os resultados da visita do presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva aos Estados Unidos foram fundamentalmente o que foi prometido. "Desde a transição comecei a trabalhar para tornar realidade essas ideias e as minhas no que tange aos Estados Unidos", disse o chanceler em coletiva na qual fez um balanço da viagem.
Segundo ele, a ideia era mostrar um novo Brasil, "um Brasil que pensava, que não queria apenas entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)". Seria, segundo ele, a construção de uma nova parceria em um patamar muito mais elevado.
Araújo afirmou que os Estados Unidos e o Brasil foram se aproximando e que os EUA não sabiam se esse novo Brasil era para valer ou era apenas discurso de campanha. "Estamos tentando fazer uma política externa e um governo com ideias. Quem não gosta disso, é porque não tem ideias", disse o chanceler.
O ministro disse que o Brasil foi defender duas frentes na viagem aos Estados Unidos: a liberdade e a grandeza. "O Brasil em qualquer situação tem que almejar estar na primeira categoria, precisa ter status de um líder global", disse. "Nós nos víamos em um espelho que nos distorcia, nos víamos como um país pequeno, sempre como um ator secundário", completou.
Araújo ainda criticou a velha política do toma lá, dá cá. Segundo ele, é um consenso de que essa velha política não serve, que precisamos de uma nova política longe dessa prática. "A velha política externa nos deu apenas frustrações e agora estamos começando esse caminho", disse.
OCDE
O ministro das Relações Exteriores afirmou ainda que o ingresso do Brasil na OCDE é essencial para ajudar o País nas reformas que o governo quer fazer. "Vamos atrair investimentos desde o primeiro momento", disse. Durante a visita de Bolsonaro, o presidente norte-americano Donald Trump declarou apoio ao ingresso do Brasil na OCDE.
Segundo Araújo, é preciso que o Brasil assuma o seu papel de país grande e abandone a ótica de ser sempre um país em desenvolvimento.
Araújo disse que o Brasil precisava aderir aos dois grandes instrumentos do Ocidente, a OCDE e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "O tratamento diferenciado (na OMC) nunca nos tirou de onde nós estávamos, então alguma coisa está errada", comentou o chanceler.
Israel
O ministro afirmou também que há uma grande expectativa com relação à visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel. "Espero resultados tão bons quanto nos Estados Unidos", disse.
A previsão é que o presidente faça a viagem a Israel no final de março. "Teremos uma mudança de patamar na relação com Israel, mas não significa mudança com os árabes", comentou o ministro. "O Brasil quer contribuir para estabilidade naquela região (Israel)", completou.
Visto
Com relação à decisão do Brasil, anunciada durante a visita aos EUA, da isenção do visto para americanos, Araújo disse que a medida terá impacto "extremamente relevante para o Brasil", mas que o governo ainda não conseguiu quantificar os impactos.
Eduardo Bolsonaro
Questionado sobre a presença do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no encontro de seu pai, o presidente Bolsonaro, com Donald Trump, Araújo disse ter achado "excelente" a participação dele. "O deputado Eduardo Bolsonaro e eu temos uma visão coincidente sobre a relação do Brasil com os EUA e sobre a projeção do Brasil com o mundo", avaliou.