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Grupos empresariais dos EUA mostram otimismo com mudança em lei na China

Grupos empresariais norte-americanos disseram na sexta-feira terem se sentido encorajados pela aprovação da China de uma nova lei que afrouxa as restrições ao investimento estrangeiro e que isso poderia ajudar a facilitar o caminho para um acordo comercial substancial entre os dois países. A Legislatura da China aprovou uma medida na quinta-feira buscando evitar que autoridades chinesas forcem os empresas norte-americanas e de outros países a entregar tecnologia proprietária, um ponto-chave na disputa comercial entre China e EUA. Os EUA impuseram tarifas sobre bens chineses no valor de US$ 250 bilhões em um esforço para forçar mudanças em uma série de políticas econômicas da China. A China retaliou com a imposição de tarifas sobre a maioria dos produtos importados dos EUA. "É uma daquelas medidas de construção de confiança", disse a vice-presidente sênior do Conselho Empresarial EUA-China, Erin Ennis, sobre o movimento dos legisladores chineses. Ela sugere que "os dois lados estão falando a mesma língua". As empresas norte-americanas há muito se queixam de que as autoridades chinesas as pressionam informalmente para revelar segredos comerciais para acessar o mercado chinês. Em alguns casos, as empresas dos EUA precisam formar uma joint venture com um parceiro chinês e compartilhar tecnologia com elas. Em outros casos, as empresas dos EUA são forçadas a fornecer segredos comerciais para obter a aprovação das autoridades locais, que então entregam esses segredos às empresas chinesas. O governo Trump também quer que a China acabe com subsídios para empresas estatais e para empresas focadas em tecnologias emergentes, como inteligência artificial e carros autônomos. A nova lei proibiria as autoridades chinesas de vazar tecnologia para empresas chinesas e também tornaria mais fácil para mais empresas dos EUA fazerem negócios na China sem um parceiro. Ainda assim, não está claro o quão próximos os dois lados estão de um acordo. Nesta semana, o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, disse a uma comissão do Senado que "ainda há questões importantes que precisam ser resolvidas". Segundo Ennis, a China precisa publicar regulamentações que implementem a nova lei, um passo adiado no passado. Lighthizer enfatizou que o acordo deve incluir disposições que permitiriam aos EUA impor tarifas ou outras sanções se a China não cumprir suas promessas. Esse continua sendo um ponto-chave entre os dois lados, segundo lobistas de empresas. Lighthizer esboçou como os Estados Unidos querem fazer valer o acordo em sua fala na terça-feira. As empresas norte-americanas que são forçadas a entregar tecnologia, por exemplo, poderiam trazer essa preocupação para as autoridades dos EUA, que a levarão para reuniões mensais com seus colegas chineses. Lighthizer e sua contraparte chinesa se reuniriam a cada seis meses e procurariam resolver os casos mais difíceis. Se eles não puderem resolver, disse Lighthizer, os EUA poderiam "unilateralmente agir para impor mudanças", o que provavelmente significaria tarifas. A administração Trump quer que a China concorde em não retaliar, mas esse é um grande ponto de discórdia. Ainda assim, ambos os presidentes desejam um acordo, segundo lobistas de empresas. "Estamos cautelosamente otimistas de que os dois lados vão chegar lá", disse Jeremie Waterman, presidente do órgão U.S. Chamber China Center. "Eles estão nitidamente reduzindo o número de questões pendentes." Alguns grupos empresariais acreditam que um acordo, se for alcançado, não acontecerá até o final de abril. O presidente Donald Trump disse na quinta-feira na Casa Branca que "teremos notícias sobre a China provavelmente de um jeito ou de outro nas próximas três ou quatro semanas". Fonte: Associated Press.