Agência France-Presse
postado em 11/03/2019 21:14
O Parlamento da Venezuela, controlado pela oposição, decretou nesta segunda-feira a suspensão do fornecimento de petróleo para Cuba, justificando a decisão pela "calamitosa situação" provocada pelo apagão que há quatro dias paralisa o país.
A determinação aprovada a pedido do presidente do Legislativo, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, declara ainda um "alarme nacional" diante da emergência elétrica.
Mas a aplicação da medida é improvável devido ao apoio dos militares ao presidente Nicolás Maduro, que tem um general controlando a indústria petroleira.
Ao defender as medidas junto ao Congresso, Guaidó disse que é preciso "poupar combustível" no momento em que a Venezuela enfrenta um recrudescimento da falta de água, alimentos e acesso a atendimento médico.
"Se ordena a imediata suspensão do fornecimento de petróleo, combustível e derivados" a Cuba, disse Guaidó ao convocar protestos - em todo o país - para esta terça-feira contra Maduro.
A Venezuela envia petróleo a seu principal aliado regional a preços preferenciais em troca de serviços médicos, como parte de acordos firmados pelo finado presidente Hugo Chávez.
Guaidó acusa Cuba de ingerência e denuncia que elementos da inteligência cubana integram o aparato estatal venezuelano. Já Havana tenta unir a comunidade internacional contra uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela.
O "Governo Revolucionário" em Havana rejeitou "de maneira categórica a mentira difundida" pelos Estados Unidos de que Cuba tem "entre 20 e 25 mil efetivos militares na Venezuela" e qualquer "insinuação de que exista algum grau de subordinação política da Venezuela a Cuba ou de Cuba à Venezuela".
Havana garantiu que "não intervém nos assuntos internos da Venezuela, como a Venezuela não intervém nos assuntos de Cuba".
É "totalmente falso que Cuba esteja participando de operações da FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) ou dos serviços de Segurança na Venezuela.
Guaidó, que já nomeou uma dezena de representantes diplomáticos, entre eles o encarregado de negócios nos Estados Unidos, pediu a estes funcionários que "realizem contatos" com o objetivo de "coordenar a cooperação técnica internacional" para "superar esta calamitosa situação".
A Venezuela vive há mais de um mês uma queda de braço entre Guaidó e Maduro, cujo questionado segundo mandato tem o apoio de Cuba, Rússia e China.