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Cápsula Dragon da Space X volta à Terra após teste bem sucedido

Dessa forma, a SpaceX conseguiu demonstrar que sua cápsula é segura para os astronautas, o principal objetivo de esta missão

Nova cápsula Crew Dragon da SpaceX pousou com sucesso nesta sexta-feira (8/3) no Oceano Atlântico depois de mais de seis dias no espaço, pondo fim a sua missão teste para a agência espacial americana NASA, que planeja retomar os voos tripulados.

Dessa forma, a SpaceX conseguiu demonstrar que sua cápsula é segura para os astronautas, o principal objetivo de esta missão.

Dragon acionou seus propulsores quando sobrevoava o Sudão a 410 km de altura, e separou-se da Estação Espacial Internacional (ISS) depois de receber a luz verde do centro Johnson, em Houston, segundo imagens transmitidas ao vivo pela NASA graças a várias câmaras a bordo da ISS, e isso apesar de sua velocidade real de 27.000 km/h.

Às 12H50 GMT (09h50 de Brasília), o veículo abandonou sua órbita e iniciou a entrada na atmosfera, vindo a amerissar frente ao litoral da Flórida às 13h45 GMT (10h45 de Brasília)

A maior preocupação, segundo Elon Musk, o magnata que criou a SpaceX em 2002, em relação ao retorno era a entrada hipersônica da nave, a abertura correta dos paraquedas abririam e o funcionamento sistema que guiaria a Crew Dragon ao local de pouso.

A missão, no entanto, transcorreu sem incidentes. No domingo, a nave se acoplou automaticamente à Estação Espacial Internacional (ISS), a mais de 400 quilômetros sobre a superfície da Terra.

Pouco mais de duas horas depois, os três membros da tripulação da ISS, a americana Anne McClain, o canadense David Saint-Jacques e o russo Oleg Kononenko, abriram a escotilha da cápsula e, pela primeira vez, entraram nela.

Em seu interior encontraram o manequim, apelidado de Ripley, instalado em um assento, e uma bola de pelúcia representando do planeta azul, que a SpaceX introduziu com humor na cápsula para servir de "indicador de falta de gravidade super ;high tech;".

Mas, da próxima vez, se tudo correr bem, dois astronautas americanos estarão a bordo da Dragon, para uma ida e volta à ISS antes do final do ano, segundo a NASA.

Fim da dependência

Desde o final do programa de naves espaciais em 2011, após 30 anos de serviço, somente os russos transportam pessoas em viagens de ida e volta à ISS.

A SpaceX fez essa viagem uma dúzia de vezes desde 2012, mas carregando apenas suprimentos para reabastecer a estação. Transportar humanos para lá requer assentos, um ar respirável em uma cabine pressurizada, uma temperatura regulada para os passageiros e, é claro, sistemas de emergência.

A NASA se dispõe assim, pela primeira vez, a confiar a empresas privadas o transporte de seus astronautas.

A Boeing também ganhou um contrato e está desenvolvendo sua própria cápsula, a Starliner, que será testada em poucos meses.

A agência espacial americana já não é proprietária de naves nem foguetes, e compra um serviço por um preço fixo: 2,6 bilhões de dólares por seis missões tripuladas de ida e volta no caso da SpaceX, de acordo com um contrato assinado em 2014, ao qual se somam os contratos de desenvolvimento das naves por 600 milhões.

Esta mudança de modelo começou durante o primeiro mandato do presidente Barack Obama, a partir de 2010. Mas devido aos atrasos no desenvolvimento, se materializou sob a presidência de seu sucessor, Donald Trump.

Com Dragon e o Boeing Starliner - que ainda não foi testado -, a NASA não mais dependerá da Rússia para voar para a ISS.

Mas Elon Musk parece mais interessado em uma exploração mais distante do Sistema Solar. No sábado, ele voltou a expor seu sonho: "Devemos ter uma base na Lua. Uma base humana permanentemente ocupada na Lua, e enviar pessoas a Marte e construir uma cidade em Marte".