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Estados Unidos rebaixam nível de representação diplomática ante palestinos

O consulado-geral dos Estados Unidos em Jerusalém, que servia de embaixada perante os palestinos desde os acordos de Oslo dos anos 1990, deixou de existir nesta segunda

Os Estados Unidos rebaixaram, nesta segunda-feira (4/3), o nível de sua representação diplomática perante os palestinos, que recebem assim um novo golpe por parte do governo Trump, abertamente favorável a Israel.

O consulado-geral dos Estados Unidos em Jerusalém, que servia de embaixada perante os palestinos desde os acordos de Oslo dos anos 1990, deixou de existir nesta segunda - como estava previsto - para ser absorvido pela embaixada dos Estados Unidos em Israel, transferida em 2018 de Tel Aviv a Jerusalém, em meio a críticas internacionais.

Trata-se de mais uma das medidas americanas que os palestinos consideram atentatórias contra sua causa. "Em 4 de março de 2019, o consulado-geral dos Estados Unidos em Jerusalém se fusiona com a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, para formar uma única missão diplomática", indicou o Departamento de Estado em um comunicado.

O Departamento de Estado alega uma necessidade de ;eficácia; diplomática "sem que isso signifique uma mudança na política dos Estados Unidos sobre Jerusalém" e os Territórios Palestinos.

Com isso "se enterra" o papel histórico de mediador que os Estados Unidos desempenharam no conflito israelense-palestino, tuitou o número dois da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat.

O embaixador dos Estados Unidos em Israel, David Friedman, muito próximo ao presidente Donald Trump, é criticado pela liderança palestina, que o considera um advogado fervoroso dos interesses israelenses e um dos artífices do traslado da embaixada americana de Tel Aviv a Jerusalém.

Os Estados Unidos têm uma presença diplomática permanente em Jerusalém desde 1857, muito antes da criação de Israel, em 1948.

A titular do cargo, Karen Sasahara, deixa suas funções em Jerusalém, e o consulado-geral se transforma em uma Unidade de assuntos palestinos integrada na embaixada.

Desde a eleição de Trump, os palestinos viram o novo governo de Washington romper com décadas de consenso internacional e diplomático ao anunciar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.

Israel considera toda a cidade de Jerusalém como sua capital indivisível, enquanto os palestinos aspiram que Jerusalém Oriental se converta na capital de seu futuro Estado.

Para a comunidade internacional, o status de Jerusalém tem que ser negociado entre as duas partes, e as embaixadas não devem se instalar ali até que não se tenha alcançado um acordo.

Israel se apoderou de Jerusalém Oriental em 1967 e depois anexou a parte leste da cidade, iniciativa declarada "nula" pela ONU.