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Turistas que conseguiram voltar relatam zona de conflito

Os turistas brasileiros retidos na Venezuela conseguiram voltar ao País em picapes com a escolta da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), disse na segunda-feira, 25, ao jornal O Estado de S. Paulo o geólogo e guia turístico Alexander Cordero, de 46 anos, que acompanhou o grupo na viagem. Os guias sabiam da tentativa de entrada da ajuda humanitária, mas não tinham notícias diárias por falta de conectividade na montanha. "Quando baixamos do Monte Roraima, há quatro dias, fomos para o consulado, porque não podíamos passar para o Brasil. Havia tiroteios, bombas de gás lacrimogêneo. Tivemos de circundar a zona de conflito, caminhando por mais 3 horas", disse Cordero, que trabalha para agências e operadoras de Boa Vista. "Os turistas estavam felizes, mas quando viram tudo, uma começou a chorar e eles ficaram estressados." Segundo ele, o grupo conseguiu uma autorização especial de autoridades chavistas para atravessar a fronteira na noite de domingo. Cordero, que é venezuelano, foi barrado e teve de voltar ao Brasil por trilhas abertas na mata. A reportagem o encontrou quando ele caminha numa das trilhas. Ele percorreu um trajeto mais longo, de 5 horas, para escapar dos militares venezuelanos. Cordero afirmou que o vice-cônsul do Brasil em Santa Elena de Uairén, Ewerton Oliveira, negociou com o comandante da GNB na fronteira a liberação da passagem. Oficiais do Exército também vinham negociando a passagem dos turistas. Segundo eles, 25 mochileiros voltaram ao País no domingo. Todos brasileiros. Uma japonesa ficou retida na Venezuela. Sem assistência consular, ela não tinha garantias de que passaria da fronteira e abrigou-se na casa de um funcionário do consulado brasileiro em Santa Elena de Uairén. Segundo oficiais do Exército brasileiro, há uma diminuição da tensão na fronteira, com aberturas pontuais do bloqueio para a passagem de brasileiros. As tratativas também envolvem um grupo de 30 caminhoneiros retidos na Venezuela - 21 carretas estão recolhidas em um pátio da aduana venezuelana. Segundo o caminhoneiro brasileiro Junior Vieira, a GNB permite a passagem pela mata para tomar banho e comprar mantimentos no Brasil. Eles, porém, retornam à Venezuela para dormir nos caminhões. "Eles já nos conhecem, então fica mais tranquilo", disse Vieira. Os motoristas têm reclamado dos venezuelanos radicados em Pacaraima, que provocaram confrontos com militares chavistas, aumentando a tensão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.