Um show organizado pelo magnata britânico Richard Branson, do grupo Virgin, reuniu na sexta-feira, 22, cerca de 200 mil pessoas em Cúcuta, cidade colombiana na fronteira com a Venezuela. O evento, chamado de "Venezuela Aid Live", planeja arrecadar US$ 100 milhões em 60 dias, que serão usados para amenizar a crise humanitária dos venezuelanos.
No total, foram 32 artistas de Argentina, Colômbia, Espanha, EUA, México, Porto Rico, Suécia e Venezuela que participarão do concerto, dividido em cinco blocos. Entre as estrelas que subiram no palco montado na Ponte Tienditas estavam Maná, Alejandro Sanz, Luis Fonsi, Maluma, Juanes e Fonseca.
Em um discurso, Branson agradeceu a presença do público. "Esse show não se trata apenas de uma apresentação musical. É sobre marcar a diferença na vida de milhares de pessoas que vem sofrendo. Temos de romper com isso e terminar com essa crise", disse.
"A música é a linguagem universal que conecta a cultura e rompe as diferenças. Quando a gente compartilha uma música, há uma festa e também esperança. Estou agradecido por esse grupo de artistas, que doou tempo e talento para que esse esforço se tornasse realidade", afirmou o britânico.
Enquanto subiam ao palco, os artistas faziam um discurso pedindo a Venezuela livre. "Chega de ditadura", afirmou o cantor venezuelano José Luis Rodríguez, conhecido como "El Puma", que agradeceu Juan Guaidó, líder da oposição e autoproclamado presidente interino da Venezuela. "Que o sangue derramado não seja em vão."
O cantor venezuelano Danny Ocean, que vive em Miami, nos EUA, usou uma camiseta com a imagem de Nelson Mandela. "Depois de três anos, é a primeira vez que estou tão perto da Venezuela", disse Ocean, que pediu para que todos trabalhem em equipe pela liberdade do país. Lele Pons, atriz venezuelana naturalizada americana, chorou ao subir ao palco e disse que estava vivendo o momento mais importante de sua carreira.
Guaidó, que está do lado venezuelano da fronteira, pensou em participar do espetáculo. Segundo assessores, no entanto, a preocupação era como voltar à Venezuela para coordenar a distribuição de ajuda humanitária, programada para hoje, que deve sair de três pontos: Cúcuta, na Colômbia, Roraima, no Brasil, e Curaçau, no Caribe.
Bem perto da Ponte de Tienditas estão dez caminhões com os quais a oposição pretende transportar hoje à Venezuela os alimentos, kits de higiene e remédios enviados pelos Estados Unidos a pedido de Guaidó para aliviar a crise.
Bloqueio
O governo do presidente Nicolás Maduro, no entanto, alertou que não permitirá a passagem dos carregamentos, por considerar a ajuda um pretexto para uma intervenção militar americana, opção que Washington não descarta.
Com o envio de ajuda, Guaidó pretende testar a lealdade dos militares a Maduro. Muitos oficiais de baixa patente têm parentes que são afetados pela crise econômica, como qualquer venezuelano. A aposta seria criar um ambiente ideal para deserções. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.