O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a dizer na quarta-feira (13/2) que "todas as opções estão sobre a mesa" quando o assunto é a crise na Venezuela. Em encontro com o presidente da Colômbia, Iván Duque, na Casa Branca, Trump deixou em aberto mais uma vez o quão longe o governo americano pretende chegar caso Nicolás Maduro não deixe o poder mesmo com a pressão doméstica e internacional contra seu governo.
"Sempre temos um plano B, C e D, E, F", disse Trump aos jornalistas ao ser questionado se há uma estratégia definida pela Casa Branca para o caso de Maduro não deixar o poder. Duque, porém, descarta a possibilidade de uma ação militar, que também enfrentaria resistência do Congresso americano. Na Casa Branca, o presidente da Colômbia enfatizou o papel do "cerco diplomático cada vez mais efetivo".
Trump foi questionado se pretendia enviar 5 mil soldados à Colômbia. "Vamos ver", respondeu. A frase "5 mil soldados para a Colômbia" foi vista no caderno de anotações do assessor para Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, durante pronunciamento à imprensa no final de janeiro.
A Colômbia foi um dos primeiros países a reconhecer o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino do país, após os EUA terem tomado a decisão. A Colômbia é um dos países mais afetados pela crise venezuelana e já recebeu mais de 1 milhão de imigrantes.
Duque afirmou ontem, após a reunião com Trump, que é preciso transmitir uma mensagem "muito forte à ditadura: obstruir a entrada de ajuda humanitária é um crime contra a humanidade". Com isso, o colombiano indica mais complicações para Maduro no cenário externo. Em setembro, seis países - entre eles a Colômbia - enviaram ao Tribunal Penal Internacional (TPI) um pedido de investigação por crimes contra a humanidade cometidos por Maduro.
Nas palavras de Trump, o bloqueio da entrada de medicamentos e alimentos enviados por países como EUA e Canadá foi um "erro terrível" de Maduro e um exemplo do que pode ocorrer quando maus governantes estão no poder. Em Caracas, o regime chavista afirma que os EUA pretendem usar a entrada da ajuda humanitária para promover um golpe de Estado.
Na quarta, Duque afirmou que é preciso garantir a chegada de ajuda humanitária aos venezuelanos. Em declaração conjunta, os presidentes de Colômbia e EUA disseram que estão comprometidos em "adotar passos para solucionar a crise humanitária" na Venezuela. No comunicado, os dois países dizem ainda que ficam lado a lado, com "muitas outras nações", diante do que classificaram como "provocações do ilegítimo e ex-ditador da Venezuela Nicolás Maduro e daqueles que trabalham em seu nome para minar a segurança da região".
Duque permanece nos EUA até sábado. No primeiro dia de visita, além da reunião na Casa Branca, o colombiano se reuniu com autoridades políticas americanas, como a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, e com o embaixador de Guaidó nos EUA, Carlos Vecchio. O diplomata venezuelano pediu a Duque a continuidade da pressão da comunidade internacional sobre Maduro.
Drogas
Na quarta, em um raro momento de tensão no encontro, Trump sugeriu que a Colômbia está atrasada no trabalho de erradicação do cultivo de coca. "Neste momento, não diria que estão cumprindo o programado, mas espero que o façam em algum momento no futuro próximo", disse Trump.
Em resposta, Duque defendeu o ritmo de trabalho de seu governo e afirmou que "nos primeiros quatro meses" do seu mandato foram erradicados 60 mil hectares. "Muito mais do que foi erradicado nos últimos seis meses", disse o presidente colombiano. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.