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Chavismo distribui remédios e alimentos na fronteira em desafio

Medicamentos como analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios, muitos em escassez no país, foram distribuídos gratuitamente a dezenas de pacientes

O governo da Venezuela distribuiu remédios e alimentos na segunda-feira (12/2) na fronteira com a Colômbia, no momento em que Juan Guaidó, líder opositor reconhecido como presidente interino por vários países, intensifica a campanha para permitir a entrada de ajuda humanitária americana.

Medicamentos como analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios, muitos em escassez no país, foram distribuídos gratuitamente a dezenas de pacientes. Ao fundo era possível observar o bloqueio dos militares venezuelanos na ponte de Tienditas, que liga as cidades de Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela). A região tem uma forte presença das Forças Armadas.

Libio Rodríguez, 66 anos, elogiou a ajuda e expressou apoio ao governo de Nicolás Maduro. Ele repetiu o discurso do governo e disse que os alimentos e remédios enviados pelos Estados Unidos a Cúcuta a pedido de Guaidó são um pretexto para uma intervenção militar. "Somos contra os gringos que querem roubar nosso país", disse Rodriguez, de 66 anos.

Muitas pessoas aguardavam por remédios. Outras esperavam por alimentos que o governo distribui a preços subsidiados em zonas populares, sob o programa batizado Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que a oposição denuncia como um "mecanismo de controle social".

Maduro se nega a aceitar a ajuda internacional e afirma que não existe crise humanitária no país, apesar das consequências do colapso econômico, com hiperinflação projetada para 10.000.000% pelo FMI para este ano e a falta produtos básicos.

O presidente alega que a crise é provocada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos a Venezuela e à estatal petroleira PDVSA.

Uma coordenadora dos CLAP em Tienditas, onde moram 1.500 famílias, afirmou que "mais que ajuda humanitária é necessário o desbloqueio econômico".

A ponte de Tienditas ainda não foi inaugurada. O local seria liberado em 2016, mas o fechamento temporário da fronteira comum de 2.200 quilômetros - ordenado por Maduro no fim de 2015 e suspenso meses depois - atrasou a abertura. De acordo com a imprensa, a ponte seria uma das vias de entrada da ajuda humanitária.

Guaidó, que em 23 de janeiro se autoproclamou presidente encarregado, depois que o Parlamento declarou Maduro "usurpador" - denunciando uma reeleição com votação fraudulenta -, pede às Forças Armadas que permita a passagem da ajuda humanitária.

Mas em uma cerimônia pública na segunda-feira em Ureña, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte no poder, que, na prática, assumiu as funções do Parlamento, reiterou a recusa do chavismo em permitir a entrada no país de remédios e alimentos estrangeiros.

"Exigimos respeito a nossa soberania", clamou diante de seus partidários.

Dezenas de pessoas cruzaram a passagem com mercadorias colombianas na véspera das mobilizações da oposição convocadas por Guaidó em todo o país para exigir a entrada de ajuda armazenada na Colômbia, no Brasil e em uma ilha caribenha cujo nome não foi revelado.