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Brasil rejeita proposta de mediação na crise venezuelana

O governo brasileiro rejeita a possibilidade de uma mediação por parte de México e Uruguai na crise venezuelana. "Já passamos desse capítulo", declarou na manhã desta sexta-feira o chanceler Ernesto Araújo, que ainda está em Davos para reuniões com governos estrangeiros. Na quinta-feira, Nicolás Maduro acenou que estava disposto a aceitar uma oferta de mediação feita pelos governos de México e Uruguai. Os dois países, governados pela esquerda, não reconheceram o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó como presidente interino, mas trabalham por uma transição pacífica no comando do país. "Os governos do México e do Uruguai propuseram uma iniciativa internacional para promover um diálogo entre as partes na Venezuela (...) Estou pronto para o entendimento", afirmou Maduro diante do Supremo, onde recebeu o respaldo dos chefes dos poderes públicos. Não é a primeira vez que o chavista aceita o diálogo com opositores. Rodadas foram feitas na República Dominicana, sob mediação do ex-premiê espanhol José Rodríguez Zapatero. A oposição abandonou a negociação, alegando que o chavismo só desejava ganhar tempo. México e Uruguai foram alguns dos poucos países na região que não aceitaram o projeto do Grupo de Lima de reconhecer Guaidó como presidente. Fontes do governo brasileiro, porém, acreditam que o gesto de Maduro seja apenas mais uma estratégia para ganhar tempo. Roberto Hausmann, que desenhou um plano econômico para a Venezuela "pós-Maduro", também rejeitou qualquer tipo de diálogo, alertando para a manipulação que o venezuelano poderia fazer com um novo processo diplomático. Pessoas próximas a Bolsonaro indicaram à reportagem que não acreditam que há como dar "meia volta" e retornar a uma trilha de diálogo em que Maduro pudesse assumir um papel. "Cada dia que passa ele fica mais isolado e esse é o objetivo", declarou a fonte do círculo íntimo de Bolsonaro. Entre a cúpula militar brasileira, porém, há um sentimento nítido de que o cenário hoje venezuelano é "incerto" e que o capítulo final dessa crise "ainda não foi escrito".