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Primeira-ministra britânica busca consenso sobre Brexit

Theresa May continuou a negociar nesta quinta-feira (17) para encontrar um consenso sobre o Brexit com os líderes da oposição

Londres, Reino Unido - A primeira-ministra britânica, Theresa May, continuou a negociar nesta quinta-feira (17) para encontrar um consenso sobre o Brexit com os líderes da oposição, uma tarefa complicada pouco mais de dois meses antes da data prevista para o Reino Unido deixar a União Europeia.

A dirigente conservadora tinha começado a receber líderes de outros partidos na noite desta quarta-feira, após o fracasso da moção de censura apresentada pelos trabalhistas contra ela.

O líder trabalhista Jeremy Corbyn se recusou, contudo, a se reunir com May até que ela descarte claramente a temida possibilidade de um Brexit sem acordo, de consequências catastróficas.

"Senhora primeira-ministra, renuncie (à saída sem acordo) e negocie seriamente a forma de contemplar o futuro", disse Corbyn em discurso diante de seus militantes na cidade inglesa de Hastings.

"É uma condição impossível, porque não está entre os poderes do governo descartar uma saída sem acordo" da União Europeia, afirmou May em resposta escrita a Corbyn.

Após dois anos e meio tentando, sem sucesso, unificar seu próprio partido ao redor de um projeto de Brexit, May garante estar trabalhando com "espírito construtivo" e pediu para seus oponentes fazerem o mesmo.

"Não será uma tarefa fácil, mas os deputados sabem que têm o dever de agir pelo interesse nacional, de chegar a um consenso", disse a premiê à frente do número 10 da Downing Street, sua residência oficial, na noite de quarta-feira, pouco após ter se reunido com liberal-democratas, os nacionalistas escoceses do SNP e do partido nacionalista galês Plaid Cymru.

Após se reunir nesta quinta com May, a única deputada dos Verdes, Caroline Lucas, disse que as negociações ocorrem tarde demais.

"Não há nenhum sinal de que a primeira-ministra queira encontrar um compromisso", avaliou.

May também se encontrou com os eurocéticos de seu próprio partido e com a pequena formação unionista norte-irlandesa, DUP - que votou a favor de May ontem.

Governo dividido
May terá até segunda-feira para voltar ao Parlamento com um plano B, que deve ser votado em 29 de janeiro - exatamente dois meses antes da data prevista para o Brexit.

A tarefa é tão árdua que a premiê cancelou sua participação no fórum econômico de Davos, que começa nesta segunda-feira.

De acordo com o jornal The Times, a ministra de Relações com o Parlamento, Andrea Leadsom, e outros eurocéticos continuam a querer que o chamado "backstop" - um mecanismo destinado a impedir o restabelecimento de uma fronteira dura na ilha da Irlanda - tenha um alcance temporal limitado.

Eles também pedem que o Plano B inclua a promessa de negociar um acordo de livre-comércio, seguindo o modelo do Canadá.

Apesar de o governo britânico se dizer aberto aos diálogo com a oposição, ele continua decidido em seu objetivo de executar uma política comercial independente após o Brexit, disse o presidente do Partido Conservador, Brandon Lewis.

"Isto significa que não podemos ficar na atual união aduaneira", declarou ele, nesta quinta-feira, à BBC.

Mais de 170 personalidades do mundo econômico reclamam um novo referendo sobre o Brexit.

"Agora, a prioridade é evitar sair da UE sem acordo. Para fazer isso, o único meio possível é perguntar aos cidadãos se ainda querem abandonar a UE", escrevem em carta publicada na quinta-feira pelo The Times.

Contudo, de acordo com Brandon Lewis, o governo não acha que um novo referendo seja a melhor solução. Até agora, May descarta essa opção, porque considera que não seria democrático.

Também defendem a organização de um segundo referendo o SNP, o partido Liberal-Democrata, o Plaid Cymru e os Verdes, que pedem para o líder da oposição trabalhista Jeremy Corbyn se unir a eles.

Até agora Corbyn negou. Contudo, após perder a moção de censura e ver a possibilidade de novas eleições serem reduzidas, ele pode mudar de opinião.