postado em 14/01/2019 08:53
Roma, Itália - Cesare Battisti, o ex-ativista de extrema esquerda condenado por quatro assassinatos e expulso da Bolívia no domingo onde se refugiou depois de ficar no Brasil por uma década, chegou à Itália nesta segunda-feira (14/1) para cumprir uma pena de prisão perpétua.
O avião pousou às 11h36 local (08h36 de Brasília) no aeroporto romano de Fiumicino, onde os ministros do Interior, Matteo Salvini, e o ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, o esperavam junto a uma centena de jornalistas.
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Battisti, 64 anos, desceu do avião sorrindo e sem usar algemas, cercado por cerca de dez policiais que imediatamente o levaram, em meio a um importante dispositivo de segurança, para a prisão de Rebibbia, em Roma.
"Esse bandido, que passou anos nas praias do Brasil ou tomando champanhe em Paris, matou (entre 1978 e 1979) um marechal de 54 anos, um açougueiro, um joalheiro e um jovem policial. Ele tem que ir para a cadeia pelo resto de sua vida ", disse Salvini aos repórteres no domingo.
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"Agora as vítimas podem descansar em paz", acrescentou Alberto Torregiani, filho do joalheiro assassinado diante de seus olhos quando ele tinha 15 anos, quando ficou tetraplégico depois de ser ferido na tragédia.
40 anos de fuga
Após quase quatro décadas de fugas, Cesare Battisti chegou à Itália. De acordo com informações do jornal italiano Corriere della Serra, ele deverá ficar sozinho na cela, em uma área de segurança reservada para terroristas, e passará por seis meses de isolamento diurno.
Battisti estava foragido desde 14 de dezembro de 2018, um dia depois do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, suspender uma liminar que garantia sua permanência no Brasil. No sábado (12/1), foi capturado por autoridades bolivianas.
De cavanhaque e óculos escuros, o italiano foi abordado por policiais enquanto caminhava por uma rua de Santa Cruz de la Sierra.
Após a prisão, o governo brasileiro deslocou um avião da Polícia Federal à Bolívia para trazer Battisti ao Brasil e, em seguida, extraditá-lo para a Itália, conforme promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O governo italiano, no entanto, já havia decidido levar Battisti diretamente ao país.
Em uma nota conjunta divulgada no início da noite de domingo, os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça brasileiros afirmaram que o importante era que o italiano respondesse por seus crimes.
"O governo brasileiro se congratula com as autoridades bolivianas e italianas e com a Interpol pelo desfecho da operação de prisão e retorno de Battisti à Itália. O importante é que Cesare Battisti responda pelos graves crimes que cometeu. O Brasil contribui assim para que se faça justiça", afirmou a nota.
Em uma tentativa frustrada para tentar evitar a viagem de Battisti de volta para a Europa, os advogados do italiano protocolaram um habeas corpus no STF no domingo. No pedido, argumentaram que entregá-lo para a Itália seria um "ato complexo" e irreversível.
Os defensores solicitaram que o habeas fosse analisado pelo ministro Marco Aurélio. O pedido, no entanto, foi julgado - e negado - pelo ministro Luis Roberto Barroso.
Com informações da Agência Estado e da AFP