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Itália se prepara para receber Cesare Battisti após longa fuga

Na Itália, a detenção de Battisti foi comemorada de forma unânime, tanto à direita quanto à esquerda


Roma, Itália - A Itália espera para, esta segunda-feira (14), a chegada de Cesare Battisti, ex-ativista de extrema esquerda condenado à prisão perpétua em seu país de origem e expulso pela Bolívia após décadas como foragido da Justiça.

O avião que deve pousar na Itália decolou no domingo, por volta das 17h locais (19h em Brasília), de Santa Cruz (leste da Bolívia), país onde foi detido no sábado à noite.

[SAIBAMAIS]A aeronave - um Falcon 900 de bandeira italiana - é esperada no aeroporto romano de Ciampino por volta das 11h30 locais (8h30 em Brasília), anunciaram as autoridades na manhã desta segunda.

Uma foto divulgada pelo governo itailiano o mostra sentado no avião, com ar tranquilo e aparentemente sem algemas, com uma manta sobre os joelhos.

O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, de extrema direita, e seu colega da Justiça, Alfonso Bonafede, estarão no aeroporto, assim como uma escolta de policiais que devem levar Battisti, de 64 anos, para a prisão de Rebibbia, em Roma.

"Esse infame que passou anos nas praias do Brasil, ou bebendo champanhe em Paris, matou (entre 1978 e 1979) um marechal de 54 anos, um açougueiro, um joalheiro e um jovem policial, de 24 anos. Ele tem que apodrecer na prisão até o fim de seus dias", declarou Salvini à televisão no domingo à noite.

Para Salvini, esse retorno de um ex-adepto da luta armada deve ser "o início de um percurso, porque há tantos outros que passeiam pela Europa e pelo mundo. Pessoas condenadas três, ou quatro, vezes à prisão perpétua e que abrem um restaurante, que escrevem livros...".

O ministro italiano disse que tem outros nomes a reivindicar da França. "Agora, as vítimas podem descansar em paz", declarou Alberto Torregiani, filho do joalheiro assassinado diante de seus olhos, quando ele tinha 15 anos, tendo o próprio ficado tetraplégico após ser ferido na tragédia.

;Criminoso; e ;arrogante;


Na Itália, a detenção de Battisti foi comemorada de forma unânime, tanto à direita quanto à esquerda, em particular porque o ex-líder dos Proletários Armados para o Comunismo (PAC) alega inocência e nunca manifestou arrependimento.

"Um criminoso e um arrogante", comentou Nicola Zingaretti, principal candidato à presidência do Partido Democrata (PD, centro esquerda), reivindicando a mesma dureza contra os militantes fascistas que têm voz na Itália nos últimos tempos.

Em um comunicado divulgado à noite, o ministro das Relações Exteriores, Enzo Moavero Milanesi, agradeceu às autoridades bolivianas e brasileiras por sua colaboração.

Cesare Battisti foi condenado pela primeira vez na virada dos anos 1980 a 13 anos de prisão por pertencer ao PAC, um pequeno grupo de extrema esquerda particularmente ativo no fim da década de 1970 e considerado "terrorista" por Roma.

Depois de fugir em 1981, ele foi condenado à revelia à prisão perpétua por quatro homicídios e cumplicidade em outros assassinatos.

Depois de passar quase 15 anos na França - o então presidente François Mitterrand havia prometido não extraditar ex-militantes que tivessem renunciado à luta armada -, ele passou a viver no Brasil desde 2004. Refez sua vida no país, onde teve um filho com uma brasileira, paternidade com a qual contava também para se proteger legalmente de uma extradição do Brasil.