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Acnur pede à Austrália asilo para jovem saudita considerada refugiada

A Austrália é conhecida por sua política de imigração muito restritiva, denunciada por defensores dos direitos humanos

Agência France-Presse
postado em 09/01/2019 11:09
Rahaf Mohammed al-Qunun
Sydney, Austrália - O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) considerou que uma jovem saudita que fugiu para a Tailândia é uma refugiada e pediu à Austrália que lhe conceda asilo - declararam autoridades australianas nesta quarta-feira (9/1).

[SAIBAMAIS]O Acnur transmitiu o caso de "Rahaf Mohammed al-Qunun" para a Austrália "para que examine a possibilidade de lhe conceder asilo como refugiada", declarou o Ministério australiano do Interior em um comunicado.

"Se for uma refugiada, estudaremos a possibilidade de um visto humanitário", declarou o ministro da Saúde, Greg Hunt, pouco antes, ao canal de televisão.

O ministro disse ainda ter conversado sobre o caso com o ministro da Imigração, David Coleman, na terça à noite.

A Austrália é conhecida por sua política de imigração muito restritiva, denunciada por defensores dos direitos humanos.

A saudita, de 18 anos, chegou no fim de semana a Bangcoc para fugir de alegados abusos psicológicos e físicos por parte de sua família e solicitar asilo na Austrália.

As autoridades tailandesas desistiram de expulsá-la, depois que a jovem divulgou no Twitter mensagens e vídeos desesperados que comoveram o mundo.

"O Acnur vai encontrar um país para recebê-la em até dois dias", afirmou o chefe da polícia migratória tailandesa, Surachate Hakparn, mencionando que "vários países" se ofereceram para recepcioná-la.

Ainda segundo a polícia tailandesa, o pai e um irmão da jovem viajaram para Bangcoc, mas ela se recusou a vê-los.

Rahaf ficou sob a proteção do Acnur.

A decisão do organismo da ONU é uma importante vitória para Rahaf Mohammed al-Qunun.

Nos últimos dias, o governo australiano já havia dado a entender que, se o Acnur a considerasse como refugiada, seu pedido seria aceito.

;Confiscar seu celular;

O chefe da polícia migratória tailandesa também foi questionado sobre o que teria dito, ontem, às autoridades sauditas.

"Quando chegou, abriu uma nova conta (no Twitter), e seus seguidores passaram para 45.000 em um único dia", disse uma autoridade saudita não identificada, em árabe, segundo imagens de vídeo publicadas no Twitter por militantes sauditas dos direitos humanos.

"Teria sido melhor confiscar seu celular, em vez de seu passaporte", completou.

"Não temos o direito de confiscar o celular de uma pessoa que não cometeu um crime", declarou Surachate, sem confirmar se essas declarações foram verdadeiras.

A AFP não conseguiu falar com as autoridades sauditas para comentar essas imagens.

Na Arábia Saudita, as mulheres estão submetidas a várias restrições. Entre elas, são obrigadas a ficar sob a tutela de um homem (pai, marido, ou outro, a depender da situação) que exerce uma autoridade arbitrária e toma as decisões importantes em seu lugar.

O caso de Al-Qunun ganha especial relevância, após o assassinato recente cometido no consulado saudita, na Turquia, do jornalista dissidente Jamal Khashoggi.

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