Agência France-Presse
postado em 08/01/2019 12:10
Bangcoc, Tailândia - O caso de uma jovem saudita que a Tailândia desistiu de expulsar diante da mobilização nas redes sociais será avaliado com rapidez pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), enquanto a Austrália anunciou que estuda lhe conceder asilo.
[SAIBAMAIS]"Vamos estudar o caso e determinar os próximos estágios, o que pode levar alguns dias", afirmou Giuseppe de Vicentiis, representante do Acnur na Tailândia, em um comunicado.
"Somos muito gratos às autoridades tailandesas, que não a enviaram para o país contra a vontade dela", acrescentou.
Rahaf Mohammed al-Qunun, de 18 anos, estava de férias no Kuwait com sua família quando fugiu e desembarcou neste fim de semana no aeroporto de Bangcoc.
Ela queria ir para a Austrália, onde esperava apresentar um pedido de asilo.
Canberra assegurou, nesta terça-feira (8/1), que vai avaliar cuidadosamente o pedido de asilo da jovem saudita.
"O governo australiano está satisfeito que o pedido de proteção da srta. Rahaf Mohammed al-Qunun seja avaliado pelo Acnur", afirmou um porta-voz do Ministério do Interior à AFP.
"Qualquer demanda por um visto humanitário feito pela srta. Al-Qunun será considerada com cuidado quando o processo do Acnur for concluído", acrescentou.
Detida ao pisar em território tailandês, Rahaf Mohammed al-Qunun assegurou que autoridades sauditas e kuwaitianas confiscaram seu passaporte. A embaixada da Arábia Saudita nega.
A jovem, que estava para ser expulsa do país, decidiu se entrincheirar no quarto de hotel do aeroporto e postou várias mensagens no Twitter. Ela disse ter recebido ameaças de sua família e que teme por sua vida se tiver de voltar para a Arábia Saudita.
Caso de família
"Não é um caso político, ou internacional... É um caso de família", afirmou o chefe da polícia migratória da Tailândia, Surachate Hakparn, depois de uma reunião na embaixada saudita sobre o assunto, em uma tentativa de minimizar a controvérsia.
"Isso deve ser solucionado em família", insistiu.
O pai e um dos irmãos da moça chegaram a Bangcoc para falar com ela.
Depois das postagens de Rahaf, foi divulgada na Internet uma petição contra a expulsão da jovem. Diante da forte pressão internacional e nas redes sociais, a Tailândia decidiu não expulsá-la e autorizou o Acnur a se encarregar do caso.
"Vocês são o verdadeiro poder", afirmou Rahaf nesta terça-feira aos internautas no Twitter.
Todos os meses, entre 50 e 100 pessoas são impedidas de solicitarem o visto quando chegam à Tailândia, de acordo com os serviços de migração locais.
"Mas o caso de Rahaf é excepcional", explicou o chefe de serviços, sem dar mais detalhes.
De acordo com o princípio internacional da não devolução, os requerentes de asilo não podem ser expulsos para seu país de origem, se sua vida estiver em perigo.
A Tailândia não assinou uma convenção da ONU sobre refugiados, porém, e os solicitantes de asilo são normalmente expulsos, ou esperam anos, até serem enviados para outros países.