Em sua tradicional mensagem de Natal à Cúria, o papa Francisco pediu na sexta-feira, 21, aos padres que abusaram sexualmente de menores que se entreguem à Justiça. Em um dos discursos mais duros de todo o seu pontificado, ele destacou que a Igreja não esconderá mais os erros. "Àqueles que abusam de menores, eu diria isto: convertam-se e se entreguem à Justiça humana, e se preparem para a justiça divina", disse Francisco.
Ele admitiu que existem homens consagrados que "cometem abominações e continuam a exercer o seu ministério como se nada tivesse acontecido; não temem a Deus nem o seu juízo, mas apenas ser descobertos e desmascarados". O papa reconheceu que a instituição cometeu erros graves no passado e tratou muitos casos de abusos sexuais sem a devida seriedade e rapidez - e o combate a esse mal seria agora "opção e desejo de toda a Igreja Católica".
"A Igreja nunca mais vai esconder ou subestimar os casos de abusos sexuais de menores cometidos pelos padres", afirmou. Ele prometeu "fazer dos erros passados oportunidades para eliminar este flagelo tanto da instituição quanto da sociedade em geral". "Que fique claro que, diante destas abominações, a Igreja não poupará esforços para fazer todo o necessário para levar à Justiça todo aquele que tiver cometido tais crimes. A Igreja jamais tentará silenciar ou não encarar seriamente nenhum caso", afirmou.
O forte discurso teve início com a afirmação de que "no atual mundo turbulento, a barca da Igreja viveu este ano e ainda vive momentos difíceis, sendo acometida por tempestades e furacões". "A Esposa de Cristo prossegue a sua peregrinação entre alegrias e aflições, externas e internas. Com certeza, as dificuldades internas continuam sempre a ser as mais dolorosas e destrutivas."
No fim da tradicional mensagem, o pontífice recordou que a força de toda e qualquer instituição não reside "em ser composta por homens perfeitos, mas na sua vontade de se purificar continuamente".
Fevereiro. Francisco convocou reunião extraordinária no Vaticano, de 21 e 24 de fevereiro, com os líderes de 110 conferências nacionais de bispos católicos, incluindo a CNBB, e dezenas de especialistas e líderes de ordens religiosas - para tratar de abusos sexuais. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.