Washington, Estados Unidos - O procurador-geral de Washington processou o Facebook por sua gestão de dados pessoais no âmbito do escândalo da Cambridge Analytica em março, indicou um comunicado nesta quarta-feira (19).
O Facebook já foi alvo de outras investigações por este assunto e outras polêmicas, mas este é o primeiro processo de uma entidade oficial americana, o que poderia supor consequências legais para a primeira rede social do mundo.
O procurador-geral do distrito de Columbia, Karl Racine, "apresentou hoje (quarta-feira) um processo contra o Facebook por ter protegido mal os dados de seus usuários", tornando-os vulneráveis a "manipulações políticas" durante a campanha presidencial de 2016, segundo o comunicado.
Segundo ele, o Facebook foi "permissivo" e enganou seus usuários sobre o fato de que seus dados podiam ser utilizados por terceiros.
A rede social é acusada de ter deixado os dados de dezenas de milhões de usuários nas mãos dessa empresa britânica de análise de dados que trabalhou para Donald Trump durante a campanha presidencial americana de 2016.
O processo contra o Facebook chega quando a companhia se viu obrigada a defender, nesta quarta-feira, as práticas de troca de dados, após um informe que revela que alguns sócios da rede tinham acesso a certas informações de usuários e de seus amigos.
O New York Times informou na terça-feira à noite que cerca de 150 companhias, incluindo poderosas empresas como Amazon, Microsoft, Netflix e Spotify tinham acesso a informações detalhadas de alguns usuários do Facebook e de seus contatos.
Controvérsias constantes
Segundo os documentos aos que o Times teve acesso, o Facebook permitiu ao motor de busca da Microsoft, Bing, ver nomes de amigos de Facebook sem consentimento e deu à Netflix e ao Spotify a capacidade de ler mensagens privadas.
Além disso, segundo o informe, a Amazon podia obter nomes de usuários e informações de contato através de seus amigos, e o Yahoo podia ver as publicações de seus amigos.
Embora alguns destes acordos remontem a 2010, o Times disse que permaneceram ativos até 2017 e que, de fato, alguns deles continuaram funcionando até este ano.
Konstantinos Papamiltiadis, o diretor de desenvolvimento de plataformas e programas do Facebook, afirmou nesta quarta-feira em um post de blog que o informe do Times era sobre parcerias que habilitam "experiências sociais (...) em outros aplicativos e sites populares".
Segundo ele, "nenhum desses acordos ou ferramentas deram às companhias acesso a informações sem a autorização da pessoa" nem violaram o acordo privado de 2012 com a Comissão Federal de Comércio americana.
Afetado por polêmicas de forma quase constante há meses, o Facebook enfrenta também um chamado feito na terça-feira pela poderosa associação de defesa dos direitos dos negros NAACP para boicotar durante uma semana a rede social e sua subsidiária Instagram.
A NAACP e cerca de 30 associações de defesa dos direitos civis e das minorias étnicas ou religiosas pediram na terça-feira em uma carta à rede social que pedisse "desculpas" a "todas as organizações afetadas pela Definers Public Affairs", uma empresa de relações públicas questionada por seus métodos e contratada pelo Facebook.