Jornal Correio Braziliense

Mundo

Bispo chinês cede seu lugar a candidato oficial após acordo Vaticano-China

Monsenhor Vincent Guo Xijin, bispo da Igreja clandestina na província de Fujian (leste), havia sido nomeado pelo Papa

Pequim - Um bispo da Igreja clandestina chinesa cederá, por solicitação da Santa Sé, seu lugar ao candidato reconhecido por Pequim, reflexo dos avanços nas relações bilaterais após um acordo entre o Vaticano e a China, anunciou um jornal oficial.

Monsenhor Vincent Guo Xijin, bispo da Igreja clandestina na província de Fujian (leste), havia sido nomeado pelo Papa. Porém sua posição nunca foi reconhecida pelas autoridades chinesas, que o detiveram várias vezes.

O papel desse líder religioso foi uma das principais questões das negociações entre o Vaticano e a China. A Santa Sé pedia desde 2017 para que ele abandonasse o cargo para facilitar as negociações e normalizar as relações com Pequim.

"Vou me tornar bispo auxiliar e o bispo Zhan Silu será o bispo da diocese de Mindong", disse monsenhor Guo ao Global Times, acrescentando que as igrejas clandestinas e oficiais da diocese vão se fundir.

Os cerca de 12 milhões de católicos chineses se encontram divididos entre os bispos que fazem parte da associação "patriótica" - controlada pelo regime de Pequim, que não quer influencias estrangeiras - e uma Igreja "clandestina", que só reconhece a autoridade do Papa.

Mas o Vaticano e a China assinaram em 22 de setembro um acordo provisório sobre a espinhosa questão da nomeação dos bispos. O papa Francisco reconheceu sete bispos que haviam sido designados de forma unilateral por Pequim.

A China, por sua parte, se comprometeu a parar de nomear bispos sem o mandato papal, como foi o caso no passado, mas será consultada sobre os candidatos.

As próximas nomeações que o Papa fará também são um passo fundamental para a unificação das duas igrejas católicas que coexistem no país comunista.