Enquanto a Itália se envolve em um imbróglio ao relutar contra as exigências fiscais da Comissão Europeia, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, afirmou em discurso em Frankfurt que os países da zona do euro devem respeitar as regras do bloco "para proteger suas famílias e empresas de taxas de juros ascendentes".
Desde que Roma apresentou o plano orçamentário italiano para 2019 com uma meta de déficit fiscal de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), considerado por Bruxelas um "desvio sem precedentes" em relação à projeção preliminar feita pelo governo anterior do país, os juros dos bônus soberanos italianos (BTPs) vêm vivendo diversos momentos de pico.
O diferencial entre os rendimentos desses papéis e os dos Bunds alemães, títulos considerados mais seguros, é monitorado de perto, e foi abordado por Draghi: "Até aqui, a elevação nos spreads soberanos tem sido majoritariamente restrita ... e o contágio entre países tem sido limitado."
Mas o banqueiro central, que é italiano, não deixou de alertar sobre como a falta de consolidação fiscal em países altamente endividados - como é o caso da Itália - aumenta a sua vulnerabilidade a choques, "quer esses choques sejam produzidos autonomamente por questionar as regras da arquitetura da união monetária ou importados por meio de contágio financeiro".
Draghi, como de costume, disse ainda ver os "riscos gerais" ao crescimento da economia da zona do euro como "amplamente equilibrados". Sem fazer menção ao conflito entre os Estados Unidos e a China, ele apontou, por outro lado, que os riscos comerciais têm de ser "cautelosamente" monitorados nos próximos meses, já que as incertezas com o "protecionismo" podem "prolongar a desaceleração do comércio global".