Agência France-Presse
postado em 12/11/2018 18:23
Gaza, Territórios palestinos - Três palestinos foram mortos nesta segunda-feira (12), dois no norte e um no sul da Faixa de Gaza, enquanto outros nove ficaram feridos por ataques israelenses - informou o porta-voz do Ministério da Saúde do território palestino.
Vários foguetes palestinos foram disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel, que respondeu imediatamente com bombardeios.
O movimento islâmico palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, anunciou ser o autor do lançamento nesta segunda-feira de dezenas de foguetes contra Israel, afirmando, em um comunicado, que revidou a morte de sete de seus combatentes em confronto no domingo com o Exército israelense.
Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas do lado israelense, relataram socorristas consultados pela AFP.
O Exército israelense indicou, por sua vez, que um ônibus israelense foi atingido por um tiro que veio da Faixa de Gaza.
Também nesta segunda, a Força Aérea israelense destruiu o edifício da Al-Aqsa TV, a emissora do movimento islamista palestino Hamas. Ainda não há informação sobre vítimas.
Os ataques israelenses foram antecedidos pelo envio de dispositivos não explosivos, ou de baixa potência, os quais o Exército israelense costuma usar para indicar aos ocupantes de um prédio civil que esvaziem as instalações antes de um ataque.
Essas hostilidades acontecem depois de meses de tensões, que elevaram o medo de uma quarta guerra em dez anos entre Israel e o Hamas.
Elas acontecem um dia depois de uma operação das forças especiais israelenses, que terminaram na morte de um oficial israelense e sete palestinos.
Ao fim de um dia de relativa calma, a violência foi retomada nesta segunda no fim da tarde: um disparo da Faixa de Gaza atingiu diretamente um ônibus israelense, ferindo gravemente uma pessoa, e o Exército israelense atacou uma posição no território palestino. A relação entre esses dois eventos não é clara.
Em pouco tempo, uma série de foguetes palestinos foi lançada em direção a Israel. O Exército israelense indicou ter registrado cerca de 200 disparos procedentes de Gaza, incluindo 60 interceptados pelo sistema de defesa antimísseis.
;Dezenas de foguetes;
Três pessoas ficaram feridas pelo tiro de um foguete de Sderot, uma cidade do sul de Israel perto da Faixa de Gaza, e foram internadas, informou o hospital, acrescentando que sua condição é estável. Outros disparos alcançaram casas em Ashkelon e Netivot.
Aviões de combate, helicópteros de ataque e tanques israelenses responderam, disparando contra mais de 20 posições do Hamas e da Jihad Islâmica, anunciou o Exército israelense.
No domingo à noite, um tenente-coronel israelense e sete palestinos, incluindo um comandante local do braço armado do Hamas, morreram em uma incursão de forças especiais israelenses na Faixa de Gaza.
Nesta segunda à noite, as brigadas Ezzedin al-Qassam, o braço armado do Hamas, disseram ter lançado os foguetes, em represália aos episódios de domingo.
"As brigadas al-Qassam respondem ao crime de ontem", justificaram em um comunicado, no qual disseram se manifestar em nome de diferentes grupos armados, incluindo a Jihad islâmica, segunda força islamista em Gaza.
Esses grupos da "resistência anunciam terem começado a atingir posições do inimigo com a ajuda de dezenas de foguetes", acrescentaram.
As brigadas al-Qassam ameaçaram intensificar seus ataques, em função da resposta israelense.
O tenente-coronel morto no domingo é o segundo militar israelense abatido desde a escalada das tensões entre Israel e a Faixa de Gaza no final de março.
Pelo menos 231 palestinos foram mortos a tiros israelenses desde essa data.
O confronto de domingo provocou o retorno prematuro de viagem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Incursão israelense
Nesta segunda, Netanyahu teve uma reunião com o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, e com autoridades de segurança.
A origem dessa escalada parece estar em uma incursão de soldados que terminou mal. O Exército israelense falou de uma operação de Inteligência e negou que se tratasse de uma tentativa de assassinar, ou de capturar palestinos, como disse o Hamas.
Segundo as brigadas Ezzedin al-Qassam, soldados israelenses à paisana avançavam no território de Gaza a bordo de um veículo civil, quando foram parados por uma patrulha no leste de Khan Yunis.
Qualquer infiltração israelense no território submetido a um rigoroso bloqueio representa uma missão de alto risco.
Guerra, se necessário
Entre os sete palestinos mortos está uma autoridade local das brigadas al-Qassam, identificado como Nur Baraka, e outros cinco membros das Forças Armadas do Hamas, disseram fontes de segurança.
O sétimo morto foi identificado como pertencente aos Comitês de Resistência Popular, uma aliança de grupos armados. Pelo menos 17 foguetes haviam sido lançados para Israel, afirmou o Exército. Nenhuma vítima foi relatada.
Os sinais de um possível relaxamento se sucederam, contudo, nas últimas semanas em Gaza e ao redor desse território.
As autoridades israelenses, que controlam todos os acessos ao território à exceção da fonteira egípcia, autorizaram o Catar, na semana passada, a enviar 15 milhões de dólares para pagar pelo menos parcialmente os funcionários do Hamas.
A operação ocorre junto dos esforços iniciados há meses pelo Egito e pela ONU para uma trégua durável entre Israel e o Hamas.
O premiê israelense declarou que "não recuará diante de uma guerra", se ela for necessária, mas buscará evitá-la, "se não for indispensável".