Conforme indicaram as pesquisas de intenção de voto, as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos resultaram em uma mudança no cenário político do país, que deve mudar a configuração do Congresso americano. A partir de janeiro, a Câmara dos Representantes voltar a estar sob comando do partido Democrata, enquanto o Senado continua sob domínio dos republicanos. O cenário configura uma derrota para o governo de Donald Trump à medida que o presidente intensificou sua agenda de comícios e aumentou a quantidade de promessas na tentativa de evitar perder o controle das duas Casas.
"Um sucesso tremendo esta noite. Obrigado a todos", disse Trump, em seu perfil no Twitter, nos primeiros comentários feitos durante a noite após projeções da imprensa americana indicarem vitória democrata na Câmara. Alguns distritos de Estados como Illinois, Iowa, Nova York, Texas e Virgínia deram vitória aos democratas, sendo que, em 2016, haviam elegido candidatos republicanos.
No Senado, contudo, a força dos candidatos do governo se mostrou maior à medida que nomes como Ted Cruz, no Texas, e Marsha Blackburn, no Tennessee, enfrentaram eleições apertadas, mas confirmaram o favoritismo. Além disso, os republicanos conseguiram "virar" em Estados que estavam sob domínio democrata: Dakota do Norte, Indiana, Missouri e, ao que tudo indica, a Flórida. Os três últimos contaram com a presença de Trump, que fez comícios nas últimas semanas com a finalidade de ampliar sua maioria no Senado.
O resultado das eleições foram reverberados durante toda a madrugada nos mercados financeiros. Logo no início da divulgação dos resultados, quando os republicanos se mostraram mais fortes em alguns distritos da Flórida, o dólar foi às máximas em relação a outras moedas principais, como o euro e o iene. No entanto, com a força dos democratas em Estados do centro dos EUA, o dólar reverteu os ganhos e passou a operar em queda, assim como os rendimentos dos títulos públicos americanos.
Na eleição do Senado, não houve grandes surpresas. Em Vermont, o independente Bernie Sanders, que ganhou projeção durante a campanha presidencial de 2016, foi reeleito, e foi parabenizado no Twitter pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Já o ex-candidato republicano à Casa Branca Mitt Romney levou facilmente a corrida ao Senado por Utah, em linha com o indicado nas pesquisas de intenção de voto. A Flórida, por sua vez, mostrou novamente ser um swing state e, com 99% das urnas apuradas, mostra o republicano Rick Scott com 50,3% dos votos contra 49,7% do democrata Bill Nelson, que é candidato à reeleição.
Logo durante a madrugada, a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi (Califórnia), fez um discurso da vitória, onde, aos gritos efusivos da plateia de "speaker", afirmou que pretende efetuar novos investimentos em infraestrutura e proteger o sistema de saúde americano, que, segundo ela, está sendo alvo de artimanhas de republicanos. Além de comemorar ao dizer que "amanhã será um novo dia na América", Pelosi comentou que é preciso "unidade para o nosso país" e disse que os democratas comandarão a Câmara "de forma aberta e transparente".